Cerca de mais ou menos um mês
depois tudo parecia ter sido alvo duma reviravolta do destino...
O namoro com Ágatha afundou logo
no início devido a omissão dela em não revelar que estava tendo um relacionamento
com um sujeito qualquer. Fez questão de esconder e quando decidiu, preferiu o
sujeito, depois disso arrependeu-se e passou agir como uma Madalena arrependida
e pedir uma nova chance a qual me neguei em dar apesar de termos uma vez ou
outra nos encontrado inusitadamente numa noite ou outra passando a noite juntos.
Para mim o fato poderia me deixar fulo da vida, mas diante duma falha dessas
que não era da minha parte preferi não me martirizar com o fato e manter tudo
em banho maria. Ir para cama com ela uma vez ou outra a deixava rendida aos
meus argumentos, mas permanecer com ela num relacionamento sério com uma pessoa
tão insegura e volúvel não me agradava.
Logo surgiu a Danielle também,
minha secretária em Curitiba, uma mulher doce e meiga, um tanto recatada nos
modos tal como a Ágatha, mas para uma jovem viúva já com dois filhos e ávida
por um romance intenso esperar o que? Entretanto,não era minha praia naquele
momento ficar me aproveitando duma bela viúva fogosa por muito tempo. Estava
mais preocupado com outras coisas: filhos, negócios, enfim com muitos outros
assuntos que passavam bem longe de manter um relacionamento sério com qualquer
mulher. A opção parecia ser a “velha vida” de manter-me numa vidinha de bon vivant
mulherengo. Sim essa era minha melhor escolha. Um rabo de saia ali outro acolá,
nada mais de expectativas grandiosas sobre nenhuma mulher, pois de fato
pareciam todas iguais em suas inseguranças e projetos de vida. O que mudava era
o perfume, o tom da cor do cabelo e maciez da pele e o sabor do beijo e o modus
operandi na cama. Viver experimentando cada uma dessas nuances sem a menor
restrição para desiludi-las num rodízio continuo parecia ser o mais aprazível e
menos problemático.
Assim que Carol pisou no Brasil
passei duas semanas com ela passeando por alguns lugares. O jeito leve e tranqüilo
da portuguesinha era tudo que precisava. Apesar dela ser meio distante e manter
certa frieza para algo mais picante as coisas transcorreram deliciosamente
naqueles dias. Me esquivei de alguns assuntos chatos do escritório e assuntos
domésticos e tirei uma folga daquela vibe maçante duma rotina que ainda não
estava bem definida em Curitiba. Quando Carol se mandou voltei para casa
estabelecer a nova rotina. Marie já tinha ajeitado a casa aos seus conceitos e
sempre trazia suas amigas da acadêmica de dança para jantar em casa. Fazia questão
de preparar um belo jantar amistoso para elas e aos poucos fiquei íntimo da
professora de dança de Marie e uma de suas amigas. Samanta e Mariana era duas
garotas mais velhas que Marie que tinham elegido ela como a mascote da sua
turma. Samanta uma loira alta, de pernas fabulosas e um quadril avantajado e
uma boca grande com sorriso largo foi logo caindo no meu gosto. A sua presença
em casa vez ou outra dava frescor aos dias chatos de trabalho trancado dentro
do home office e fazia esquecer um pouco dos aborrecimentos causados por Bia que estava se mudando para Curitiba
visando ficar mais perto do Ivan. Já a
Mariana era uma garota ainda molecona como se diz por aqui, parecia tão
adolescente e até mais imatura que Marie apesar de cinco anos mais velha. Fiquei
amigo dela e às vezes admirava aqueles olhos claros e vastos cabelos negros que
deixavam ela com ar de ninfeta aprendiz.
Num final de semana algo
inusitado aconteceu: Bia já estava instalada em Curitiba, Regina a mãe de Marie
resolveu visitá-la, e Ágatha e eu estávamos nos reaproximando com mais
intensidade devido Ingrid ter ficado doente e hospitalizada naqueles dias, mas
a cereja do bolo foi a vinda de Valeria defender o Quim na sua idéia imbecil de
largar tudo no EUA para retornar ao Brasil se tornar jogador de futebol. De
todas elas a que mais me surpreendeu naquela ocasião foi Regina. Ela parecia
ter reconquistado o jeito alegre e impulsivo de muitos anos atrás e creio que
isso se devia ao fato dela ter se separado daquele gringo depois de algum tempo
casada.
Numa manhã de sábado ela já
estava de pé preparando sua vitamina, eu acordei bem cedo também para colocar
uma papelada em ordem naquele escritório caseiro. Ela sorridente como se
morasse naquela casa decorada pela filha há anos me deu bom dia, me fez tomar
com ela sua vitamina e me convenceu a fazer alongamentos juntos com ela e uma
corridinha matinal. Não tinha porque recusar. Passamos quase duas horas juntos
fazendo exercícios e conversando assuntos variados. Não falamos nada referente
ao divórcio dela nem sobre o nosso passado. Depois disso cada um seguiu seu
destino até a hora do almoço quando ela veio bater à porta do meu escritório
dizer que havia preparando um prato do qual eu tinha certa preferência e que
ela ainda sabia fazer. Em suma ela me convidou para provar o tempero dela
naquele almoço e tinha organizado e preparado tudo com aparente boas intenções.
Terminado o almoço voltei para
minha rotina impiedosa e maçante no escritório e só fui interrompido mais uma
vez pela própria Regina ao final da tarde. Ela desta vez queria conversar algo,
queria “pedir minha permissão” para passar um tempo em Curitiba junto da filha.
Aquilo me chamou atenção, tendo em vista que ela sempre foi mandona e impulsiva,
nunca pedindo ou solicitando consentimentos para nada e nunca explicando-se por
nada. Parecia que ela queria selar a paz comigo e com a filha dado os atritos
dos últimos tempos devido a sua intolerância e mania de gerir o futuro da
filha. Achei aquilo bacana da parte dela por ter partido dela e como estaria
fora na semana seguinte devido reuniões em São Paulo disse à ela para ficar o
tempo que quisesse. Depois disso eis que surge Bia logo em seguida. Ela fez
milhares de questionamentos como se fosse ainda minha esposa, parecia irritada
e enciumada com a presença massiva tanto de Ágatha quanto de Regina sempre
entrando e saindo de casa quando bem entendessem e tendo contato direito com
Ivan. Não dei pano para manga e perguntei apenas como ela estava emocionalmente
e se os ares de Curitiba e proximidade do Ivan estavam deixando ela animada.
Ela fez uma série de novas reclamações e preferi encerrar a conversa alegando
ter um compromisso logo em seguida. Isso a deixou um pouco mais chata, mas
enfim me livrei dela. Pior seria no dia seguinte com a presença de Valéria
vindo defender com unhas e dentes a idéia do filho voltar ao Brasil.
Naquele domingo tia Charlô
cochichava no meu ouvido durante o almoço dominical: “Isso aqui está parecendo
uma convenção das suas ex-namoradas com ex-esposas. Tome cuidado para não ter
brigas”. Apesar do tom jocoso de titia o fato era inusitado mesmo, ali estavam
as quatro mulheres com tinha filhos todas sentadas na mesma mesa e
aparentemente medindo uma a outra de fio a pavio tentando manter certa
discrição e troca de gentilezas. De repente, aquilo tudo pareceu se tornar uma
cena de filme de Fellini: Bia teve a ousadia de me tornar assunto perguntando
para Valéria como eu era quando estava casado com ela. Valéria por sua vez
tentou se esquivar da pergunta dando uma resposta que não se lembrava, mas daí
Regina tomou a palavra e resolveu detalhar meus hábitos quando morávamos
juntos. Somente Ágatha parecia fora da conversa devido estar mais preocupada
com estado de saúde da filha. Mesmo assim ouvia atentamente cada frase da
conversa entre ambas e quando Bia viu que seu tiro saiu pela culatra resolveu
ela mesma mudar de assunto tornando o assunto “ex-marido” algo apenas apreciável
em particular. Naqueles cinco ou dez minutos de conversa eu fiquei fazendo
piadas de cada frase e respostas delas, parece que essa estratégia foi a minha
salvação, pois poderia revelar à mesa, na frente de todos, detalhes da conduta
delas em nossa a vida a dois que certamente as deixariam furiosas de imediato.
Após esse momento uma tanto
estranho e eivado de certo pedantismo feminino fui terminar meus afazeres no
escritório naquela tarde. Depois preparei minhas malas e segui fielmente os
planos propostos na minha agenda de naquela noite tomar um drink com Mariana
antes de partir em viagem. Visto que Samanta estava ausente naquele final de
semana resolvi descobrir algo mais sobre Mariana e desvendar seu jeito de menina
maluquinha. Ela parecia à vontade no começo sem maiores preocupações, mas
bastou lançar um olhar mais certeiro depois de ajeitar o cabelo dela atrás de
seus belos ombros delineados por aulas de dança e ela ficou na defensiva um
tanto encabulada. Terminamos a noite sem maiores avanços, nem mesmo no beijo de
despedida que é a velha oportunidade de colocar as peças mais ágeis no tabuleiro
da sedução resultaram numa boa jogada. Ficamos apenas com nossos peões se
movendo no tabuleiro sem haver um xeque mate. Da minha parte não havia porque
me preocupar em fazer um movimento rápido e levar o jogo logo ao seu final.
Pelo visto, tinha deixado a bela menina maluquinha com uma postura fora da sua
zona de conforto e domínio da situação. Ela parecia um pouco intrigada, pois eu
não era nenhum daqueles garotos que são ávidos por cantadas baratas lançadas ao
vento e tentativas de conquistar uma garota difícil fazendo tudo que a garota
pede segundo seus caprichos. Mariana parecia estar habituada a isso e
desentocá-la para um campo aberto me parecia um joguinho mais interessante. Quem
sabe retornando para Curitiba ela demonstrasse interesse em algo além duma
simples noite de conversa e drinks.
Na manhã seguinte já estava em
Sampa. Acordei um tanto cansado, mas não conseguia dormir nem mais minuto
naquele apartamento que não era mais o mesmo. Levantei-me e fui dar carga na bateria
do carro que estava há semanas sem uso. Nesse momento eis que surge Milena a
bela juíza que mora no mesmo prédio. Lá estava ela trajada com uma roupa de
ginástica e cabelos dourados presos deixando a mostra seu rosto. Pela primeira
vez na vida ela foi além dum bom dia ou boa noite e fez uma brincadeira dizendo
que agora entendia o porquê daquela bateria estar sempre ali perto daquele
carro empoeirado. Como eu estava mais ou menos nos mesmos trajes que ela e
bancando o mecânico perguntei se ela não precisava duma vistoria no carro dela
me valendo do mesmo tom jocoso usado por ela. Para minha surpresa ela disse que
o carro dela estava com um probleminha mesmo e resolvi ser gentil e ver o que
se tratava naquele mesmo momento. Ela abriu o capô carro e reclamou dum
barulhinho estranho o qual eu não fazia a menor idéia do que se tratava, mas
resolvi arriscar mexendo em alguma coisa.
Parecia que a minha sorte com a
juíza estava mudando, pois fiquei com a mão suja de graxa e óleo e ela gentilmente
perguntou se não gostaria de fazer companhia para ela num café e aproveitar
para lavar minhas mãos no apartamento dela. Eu me senti como aquele garoto dos
tempos de oficina ou já um pouco mais vivido quando trabalhava naquela padaria
em Portugal sendo convidado para uma aventura desconhecida na casa duma mulher
também desconhecida. Sem pensar duas vezes aceitei o convite da formosa juíza e
subimos para o seu apartamento e ela não parava de tagarelar, parecia movida
por algum desses remédios que deixam mulheres depressivas eufóricas, daquilo eu
tinha certo conhecimento por causa da Bia, mas com Milena a juíza que nas vezes
anteriores era tão sisuda e fechada incapaz de dar um bom dia com um sorriso
gentil tudo era novidade para mim. Tomamos um suco natural preparado por ela e
ficamos cerca de meia hora conversando, para retribuir o café sugeri um jantar
naquela mesma noite, mesmo sem esperar que o convite fosse aceito lancei mão
dessa troca de gentilezas.
Para minha surpresa ela topou
também de imediato dizendo que aquele era o primeiro dia de férias dela e que
queria uma vida mansa nas próximas semanas. Aquilo soou como sinfonia nos meus
ouvidos e deixei tudo combinado para um jantarzinho caseiro na casa dela
naquela noite. Eu me encarregaria de trazer os ingredientes e preparar para ela
um menu digno de madame que cuida da forma. Milena animada com a perspectiva
daquela noite me recebeu mais uma vez no seu apartamento naquela noite. Estava
trajada com um belo vestido de flores e levemente perfumada como se fosse ficar
em casa ou sair para um passeio casual. Milena não estava com jóias e sapatos
de salto, parecia apostar numa noite mais descontraída e relaxante do que
propriamente numa noite cheia de encantos. Abri uma garrafa de champanhe
escolhido a dedo e começamos a conversar e tomar taças e mais taças de
champanhe enquanto preparava nosso prato.
Conversa agradável, uma boa
bebida e comida saborosa o que mais poderia esperar era que Milena cedesse por
vontade própria a tudo aquilo e tomasse iniciativa de algo a mais. Seria algo
impensado para um primeiro encontro moldado pelos acasos do destino. Afinal nos
encontramos de manhã inesperadamente e a noite já parecíamos velhos conhecidos.
Ela me contava das viagens dela e eu das minhas, ela falava da carreira e eu da
minha, coisas desse tipo fizeram logo a sobremesa ser servida e as horas
passarem mansamente numa velocidade quase imperceptível. Após o jantar nos sentamos
num sofá lado a lado e ela parecia totalmente confiante no seu convidado a
ponto de tirar seus chinelinho chic e ficar no sofá sobre suas pernas brancas
deixando aqueles pés bem cuidados chamando minha atenção. Ela colocou sua mão
no rosto para apoiar-se e o leve perfume dela fazia minha respiração se
deliciar. Elogiei os belos pés da magistrada e ela ousada me questionou se não poderia
fazer uma massagem naquele lindo par de pezinhos caprichados pela sua mama
italiana que no dia seguinte iria visitá-la. Da massagem nos pés para um beijo
caliente com sabor de champanhe foi um pulo. Infelizmente no ápice no beijo
quando já sentia o calor correr pelo corpo dela e seus seios se apertarem contra
meu tórax ela resolveu fazer cessar o momento de clímax daquela noite. Com o
rosto vermelho e um pouco tímida me olhou e fez um elogio a minha forma um
tanto despretensiosa de levar as coisas.
Milena ajeitou seus cabelos
loiros num rabo de cavalo e deixou o pescoço amostra ainda mais, resolvi partir para um segundo momento de
beijos a começar pelo pescoço. Ela até permitiu isso por alguns instantes, mas
logo como uma boa juíza fez valer suas ordens e disse que já era tarde. Por fim
acabamos de combinando um novo jantar caseiro para noite seguinte, no qual ela
gostaria de me apresentar sua mamãe. Como seria grosseria rejeitar o convite e
julgando ser isso um voto de confiança a mais na minha pessoa resolvi aceitar e
provar do tempero da juíza naquela noite. Parecia que o destino tinha dado mais
uma das suas reviravoltas. No dia seguinte passei o dia todo relembrando
daquilo como um garoto abobalhado entre uma reunião sonolenta e outra. Queria que
noite chegasse logo e que aquele jantar fosse apenas mais uma mera formalidade
para uma nova sessão de beijos e carícias no sofá ou quiçá em algum lugar mais
agradável ainda. Teria que esperar as horas passarem reunião após reunião
entediado no escritório a base dum bule de café e falatório de secretárias e
provocações sem sentido de Aline a toda hora via celular. Desde a noite
anterior ela estava bombardeando-me com ligações e mensagens, as quais nem atendi
e nem respondi.
O que me interessava naquele dia
era aproveitar o presente e nada mais. Estava disposto a me aventurar sem fazer
planos e me deliciar com cada momento seja com esta ou aquela mulher, e tudo
indicava que os deuses da sedução aprovavam as minhas intenções...
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