quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Mudanças

Nunca fui afeito a mudanças de casas ou lugar, mas sempre gostei de estar em lugares diferentes. Vai entender isso!

Na terça de manhã tinha resolvido de vez me mudar em definitivo para Curitiba. Para ficar e concentrar até mesmo os negócios entre sul e sudeste. Tomar providências cheias de detalhes nesse sentido sempre são confusas, pois não sabemos por onde começar e sempre há um assunto pendente. Nos negócios tinha que deixar alguém de plena confiança encarregado dos meus afazeres no escritório em São Paulo. 

Passei um bom tempo escolhendo entre uma série de nomes que não levasse em conta o nome de Aline nessa escolha. Sem encontrar um nome adequado que atendesse esses requisitos a minha opção foi inovar e ratear atribuições para as novas secretárias e manter Charles como uma espécie de informante sobre o andamento dos serviços. Uma escolha ousada – apesar de temporária - na minha forma de gerir e delegar funções. Por mais que Aline fosse a pessoa mais apta e indicada para tomar esse posto a confiança nela estava em baixa tanto no quesito profissional quanto pessoal. Ao comunicar isso para Évelin, Tássia e Fernanda elas ficaram surpresas com o upgrade repentino de suas atribuições, mas não seria nada que não tivessem como dar conta. Apesar da distância física a comunicação diária seria a grande chave mestra para manter as coisas andando nos trilhos.

Resolvido isso, fui dar um passeio com Ivan no aeroclube para me matricular num curso de piloto comercial. Há anos pretendia deixar de ser piloto privado para subir na hierarquia aeronáutica. A minha estadia no Paraná seria o momento oportuno para esse projeto pessoal. Ao chegar por lá e depois de mostrar os aviões que fascinariam Ivan estava tudo acertado. Restava agora cuidar da mudança e contratar um motorista para que eu não ficasse sendo chofer de dona Nina e Charlô por tempo indeterminado. Ao invés de contratar um foram contratados dois motoristas, ambos com credenciais que atendiam um rol de expectativas além da função de motorista. Devido ter ido com a cara de ambos e precisar de ajuda nas mudanças, além de alguém que pudesse fazer viagens para São Paulo buscando e trazendo desde arquivos de documentos que não tinham como ser expedidos pelo correio e servindo como uma espécie de secretário pessoal. 

Como Marie estava sendo encarregada de ser a contadora doméstica pelas avós ficou a cargo dela lançar a remuneração desses novos empregados no seu caderninho libanês, algo que se tornou tradição na família. No dia seguinte, pegaria as chaves da casa na imobiliária e seria a última vez que daria carona para as meninas. Dali por diante seria tarefa de algum dos novos contratados fazer isso todas manhãs e tardes, além de levarem as donas da casa em seus passeios em casas de parentes e amigos  e outros compromissos. Quanto a mim, eu estava planejando uma vida de trabalho diferenciada, organizando um home-office naquele loft que logo seria desativado para finalidades de moradia. Com isso teria que me deslocar bem menos e poderia passar mais tempo a disposição de Ivan. Tudo isso solucionado em tempo recorde passei a me focar em outros assuntos.

Naquela noitinha fria de quarta feira Ing e Marie iriam numa festa de aniversário duma colega de escola e com isso tomei a iniciativa de convidar Ágatha para um jantar de despedida do loft sob pretexto de conversar alguma coisa sobre Ingrid e colocar nosso papo em dia. Assim que as garotas partiram para a festa, Ágatha apareceu sorrateira na porta do loft e enquanto o jantar não ficava pronto ficamos naquela pequena cozinha tomando vinho e conversando sobre temas dos dias anteriores como a batida do carro dela e a situação de Bia. Quando servi um belo prato de lasanha ao molho branco mudamos de assunto para a minha mudança para Curitiba.  Até então não havia nada típico dum jantar romântico, o clima entre Ágatha e eu naquela noite parecia estar distante daquilo. Entretanto, fui falando dos meus planos de me transferir para casa ao lado, e com isso ela ficou curiosa em conhecer o interior da casa. 

Como estava com as chaves fui até lá mostrar o imóvel para ela logo depois que terminamos o jantar.  Lá chegando mostrei a casa toda e antes de sair paramos naquela cozinha vazia com móveis embutidos e foi ali que resolvi mudar os rumos daquela noite. Quando Ágatha perguntou se eu tinha mais planos para minha nova vida em Curitiba isso foi a deixa perfeita para abrir o coração para ela. Não havia mais como negar estar atraído por ela tendo em vista as últimas investidas dela. Não tirava ela da cabeça há semanas desde do final da Copa do Mundo. Assim que ela perguntou sem nenhuma pretensão de ouvir algo em relação a ela, foi nesse ponto que a minha cantada surtiu efeito. Quando ela me perguntou ingenuamente se eu tinha mais planos para Curitiba ouviu um simples “você” dito olhos nos olhos em resposta. A resposta inesperada desmontou ela. Caminhei alguns passos na direção dela falamos de nosso passado colocando uma pedra nele. Depois falamos do nosso presente e pedi ela em namoro como manda o figurino. Quando ela ainda encabulada aceitou segurei as mãos dela e a puxei para um longo beijo que aqueceu aquela noite fria.

Assim que as garotas chegaram contamos a novidade para elas que fizeram típicos comentários jocosos sobre o acontecimento e se demonstraram também felizes e satisfeitas com a notícia inesperada. Marie por ser mais expansiva fez mais comentários e disse que torcia por isso juntamente de Ingrid. No dia seguinte caberia a ela informar a novidade paras as velhotas que certamente cairiam da cadeira no café da manhã com tal notícia.

Como isso, parecia que tudo em Curitiba estava alinhavado para uma nova fase feliz e cheia de novos sonhos. 

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