domingo, 5 de abril de 2015

Enchanté mon amis!

Quando viajo não sou aquele tipo de turista que fica visitando pontos turísticos e fazendo compras como principal roteiro e finalidade do tour. Prefiro apreciar as coisas mais cotidianas dos lugares que visito. Seja comer um hot dog na calçada, tomar um café, escutar um músico de rua, vistar uma praça qualquer, ir ao bar, jogar golf, pegar um táxi... Seja o que for, nada é planejado de antemão. Isso possibilita sentir a verdadeira vibe do lugar, dos nativos que residem por lá e descobrir coisas e conhecer pessoas que nenhum turista afobado por compras e roteiros turísticos acaba por fazer. Isso torna as viagens mais vivas e inesquecíveis.


Já estive em muitos lugares, simplesmente visitando ou estudando, passeando ou trabalhando, buscando novas oportunidades e fazendo novas amizades. Conhecendo pessoas ao acaso, sentado na mesa dum café apreciando a paisagem, conversando com as pessoas que surgem, numa conversa despretensiosa, trocando impressões discutindo assuntos banais, e reconhecendo que o mundo é um grande quintal onde podemos ficar à vontade sem necessitar de pressa ou planos.  Estar na fria Boston cursando alguma coisa ou depois na movimentada e agitada Nova Iorque comendo hot dog ou até mesmo fazendo compras, ou estar  na ensolarada Miami descobrindo que a cada metro quadrado possa haver um brasileiro por ali, tudo isso é algo para ser desfrutado e não planejado. Por esta razão sempre odiei os tours das agências de turismo com datas e horas marcadas, com dia de chegada e partida, com tudo pré-definido sem dar ensejo ao aleatório, a livre escolha, ao acaso que torna essas viagens pontos de encontro com lugares e pessoas novas.


Talvez isso se deva as viagens com minha mãe. Ela que sempre foi fiel ao seu destino anual França e Itália, não muda nem por decreto, mas foi nos tempos de vacas magras que fizemos viagens mais divertidas. Uma delas foi para uma aldeia indígena onde ficamos dez dias, vivendo à moda tribal, caçando, pescando, pitando a cara e conhecendo a cultura e forma de ser daqueles belíssimos habitantes das florestas. O sabor daquele assado de anta caçada foi o ponto alto da gastronomia do lugar. As danças e rituais eram outros atrativos, e a única coisa que aprendi foi usar minimamente arco e flecha como um curumim aprendiz de índio caçador das matas fechadas.  Aprendi que na tradição deles que os índios quando capturam inimigos arrancam suas unhas para que eles não possam usar o arco e flecha. Coisa cruel, mas faz parte dos costumes desse povo que é pacífico e leva uma vida simples estritamente ligada ao essencial da natureza humana. Nenhum turista consumista se sentiria bem num lugar desses. É esta diferença entre uma viagem ser artigo de luxo e consumo ou ser uma aventura e história de vida que quero tornar muito distinta uma da outra. Comer num bom restaurante, frequentar pontos turísticos é algo comum, convencional o extraordinário é conhecer e viver algo novo.


Sempre preferi visitar ou estar em lugares onde a natureza é exuberante, onde há cheiro de mato, rios, cachoeiras, mares e montes ou morros para escalar. coisas desse tipo. Isso se deve um pouco mais aos acampamentos que fazia com meu irmão em alguns lugares do interior de São Paulo, como cavernas, e trilhas de jipe. Aliado a isso sempre mantive aquele gosto pelas coisas do campo, de estar no haras do meu avô, no rancho de algum tio, na fazenda de algum amigo do meu pai. Ainda quando criança minha mãe me levou aos museus parisienses, tudo muito elegante, formal e charmoso, mas nas viagens à França o que me fascinava eram as praias e montes de Villefranche região que mamãe nasceu. Recordo ainda com certa náusea dos passeios de barco nesse point, conduzidos por um típico capitão de barco daqueles que fedem a suor e peixes com barba longas dignas dum pirata. Capitão Angelo Carbone, era um genovês que apesar da aparência medonha era um expert comunicador e bom anfitrião em seu barco. Além disso, era ótimo cozinheiro e preparava caprichados quitutes servidos no verão com vinho rosê. A esposa dele era uma bela italiana, pele bronzeada, cachos negros volumosos, olhos cor de mel, andava dum lado ao outro do barco exuberante; sem dúvida uma das mulheres mais bonitas que vi na vida. Cito ela propositalmente, pois inesperadamente num dos meus próximos destinos conheceria una bella ragazza. Fica para mais adiante essa história...     


Com o passar dos anos e após diversas viagens para tantos lugares aprendi a levar uma espécie de vida cigana, cada final de semana ou quinze dias no máximo era impossível ficar em casa ou na cidade, ainda quando morava na sufocante São Paulo poluída, barulhenta e cinzenta, tinha que que fugir de lá para manter certo grau de sanidade depois duma semana inteira corrida de trabalhos e afazeres. Quando havia sol o litoral era rumo certo, se estava frio poderia ser qualquer cidade do interior ou até do sul de Minas para relaxar e passar ao menos dois dias sem ouvir buzinas e respirar fumaça de escapamento e sim respirar cheiro de terra molhada, ver pássaros, árvores, bichos e não paredes pichadas. Prometi a mim mesmo que um dia iria residir no campo, levar uma vida simples, quiçá como dos índios, poderia até mesmo caminhar nu pelo mato sem nunca mais precisar usar terno e gravata ou dirigir no trânsito caótico paulistano. Tomar banhos em rios e cachoeiras, comer frutas colhidas do pé, levar uma vida sem estresse de trabalho e rotina hiperativa. Um dia farei isso, só não sei quando será...



A lembrança do cheiro do campo e a maresia que se confundem no ar, e as paisagens vastas, com o mar batendo nas rochas e os campos verdes em lugares rústicos quase desconhecidos também me agradam. Nesse a ano já rodei muito, para começar estive no Tio Sam, na congelante Boston fazendo um curso onde pude conhecer duas figuras inusitadas de outras partes do planeta. Um era um executivo japonês baixinho, magrelo, tipicamente um nerd japa, mas um sujeito incrível em conhecimento, apesar do péssimo inglês devido ao sotaque carregado dele conseguia me comunicar com ele. Outro cara era um indiano estranho, fechado, aquele cara marrom de cabelo lisos, olhos que pareciam saltar da face, usava gravata cafona, eles formariam trio comigo para a apresentação final do curso. Um deles chamava de Kato o outro de Shivaman devido o nome do cara ser pra lá de complicado na pronuncia. Em compensação eles me chamavam de Mad Man por me acharem com o mesmo estilo do cara do seriado. Ficamos famosos no curso por criarmos uma empresa fictícia de venda de gases metano para produção de energia alternativa num mercado competitivo. A idea original pertence ao Tarcísio Meira que criou um projeto desse tipo em sua fazenda em Buri chamado 'eletropum". Além disso, como nenhum dos três era chegado em hambúrguer sempre jantávamos juntos nos restaurantes de comida caseira oriental que existem na cidade. 


Descobri na marra os quitutes da culinária indiana e alguns temperos japoneses que nunca tinha comido antes. Além disso, um era budista e o outro hindu e tinham o hábito de meditar durante o dia, aprendi algumas técnicas de desestressar com eles pelo simples método de sentar num lugar e desligar do mundo por alguns minutos pensando simplesmente numa luz branca dentro na minha cabeça e respirando devagar. A coisa realmente funciona. Funcionava ainda mais depois de falar com Ágatha que havia se recusado a vir nessa viagem me fazer companhia alegando que passava enjoos  durante os vôos. Lá estava eu sozinho nos States na companhia de dois sujeitos asiáticos, e apesar de haver moças bonitas e sofisticadas no curso nenhuma delas me atraia. Via em todas elas potenciais Alines, parecia um trauma gerado por ter ficado anos envolvido com mulheres do trabalho como amantes. Com a única que consegui trocar cinco minutos de prosa num intervalo, esta foi grossa e prepotente comigo pelo simples fatos de ter dito que o café brasileiro feito em casa era melhor que o dali. Fazer o que se ela não compreendeu o gracejo? A sensação que gente estranha povoava aquele lugar, e o frio me faziam querer que o curso acabasse o quanto antes para poder cair fora dali.

Apesar do grande aprendizado e amizades novas inusitadas estava ficando resfriado com dores pelo corpo inteiro e cansado da rotina de ter que ouvir, falar e escrever em outro idioma com eficácia e destreza. No cocktail de despedida caí fora à francesa, peguei minha bagagem fui para a estação de trem e desembarquei em Nova Iorque que parecia menos fria e mais receptiva, até porque meu filho estava lá com sua namorada e Marie e Regina chegariam para fazer compras aproveitando-se do meu cartão de crédito. Fiquei feliz em reencontrar rostos familiares naquela altura do campeonato. Por mais que tivesse convidado Ágatha para estar também ali, e ela se recusado, dei graças aos céus por ela não estar junto nessa ocasião. Com certeza aquela caipirice dela de achar tudo deslumbrante e sentir temores de freqüentar certos lugares devido não falar inglês seria um contragosto nesses passeios. As meninas e minha mãe e tia diziam que tinham que ficar de babá dela nessas viagens ao exterior devido ela ter nenhum senso de direção e precisar que tudo fosse traduzido para ela. 




Chegando na capital do mundo, numa estação de trem histórica logo encontrei meu filho Quim e sua acompanhante me aguardando tomamos um lanche por ali mesmo, conversamos e notei que Quim estava mais forte, encorpado, resultado de meses de rotina de treinos na faculdade. Estava também mais sereno e centrado. Aquela garota loirinha e sorridente, chamada Beatrice, e ele pareciam apaixonados com tudo para dar certo. Ambos exalavam corações juntos. Fiquei observando o modo com que se olhavam e falavam relembrando que um dia com a mãe dele já tinha sido assim e terminado em berros com uma frigideira lançada na parede. Torci para que os dois tivessem melhor sorte, até porque aquilo que testemunhava era a perfeita imagem do primeiro amor de duas pessoas. A nostalgia iria aumentar ainda mais naquele dia duma forma inesperada. Marie e Regina já estavam na cidade, encontramos ambas no hotel e elas já tinham percorrido uma rua inteira de lojas e reclamavam dos preços nas alturas. Foi nesse momento que meus cartões de crédito foram parar nas mãos de Marie que sem dó nem piedade usou eles como se fosse comprar a cidade toda. Depois duma tarde cheia de passeios os garotos queriam ainda curtir a noite em algum nightclub. Em contraponto Regina e eu parecíamos dois velhos cansados que preferimos fazer um programa mais leve após o jantar. Logo em seguida a saída deles para a balada demos um passeio pela rua e pegamos um cineminha básico como nos velhos tempos que morávamos juntos durante a gravidez de Marie. Conversamos bastante sobre aqueles tempos, e sobre Marie ir morar na Inglaterra por ter sido selecionada numa agência de moda. Ao voltar para o hotel ainda tomamos um whisky para espantar o frio e relaxar. Subimos para nossos quartos e de repente rolou aquele silêncio comprometedor e olhares entre nós dois. Dentro de mim rolou uma espécie de melhores momentos dos tempos que Regina fazia strips e exibia sua barriguinha de grávida moreninha e transformava uma simples transa em um show de posições novas devido o seu estado de graça e barriga.



Ao sairmos do elevador, caminhando lentamente pelo corredor Regina já descalçava os sapatos e o silêncio entre nós permanecia intacto. Despedimos com um beijo no rosto que quase foi um selinho. Aquilo ali foi o rastilho de pólvora que faltava. Assim que ela tocou na maçaneta da porta do seu quarto ela se virou para mim e perguntou com firmeza: Está com sono mesmo? Respondi que não. Ela simplesmente sorriu mordeu os lábios e ordenou: Vem cá Al... Eu fui, e sem esperar que ela iria me acariciar o rosto e dizer olhos nos olhos: Deixa eu ver se essa sua boca continua gostosa!  Ficou na pontinha dos pés me lascou um beijo. Não tive dúvidas, carreguei ela pro meu quarto e de manhã acordamos com Marie batendo na porta perguntando: Pai cadê a mãe ela saiu já de manhã? Acordei no susto afirmei o que ela tinha questionado e disse que estava nu, saindo do banho e que era para enviar um mensagem para saber onde a mãe dela estava e descer no saguão me esperar que iria descer em seguida. Marie fez o que havia lhe dito para meu alívio. Enquanto isso, Regina dormia lépida e fagueira com o rosto enfiado no travesseiro sem se incomodar com nada. Acordei ela relatei o ocorrido e nessa hora bateu a síndrome de Madalena arrependida nela. Levantou-se vestiu-se apressadamente, sondei para ver se ninguém vinha no corredor e ela correu para o seu quarto.



Desci me encontrei com Marie que estava irritada sem saber da mãe dela, logo a mensagem de Regina chegou dizendo que estava numa feirinha de final de semana e logo retornava ao hotel. Marie caiu feito uma patinha enquanto isso eu enchia a xícara de café encenando como ator de comédia uma farsa  da qual ela nem desconfiava.  Este foi um dos pontos altos e emocionantes da viagem. Ainda mais pela noite inesperada com Regina na qual ela demonstrou toda sua aptidão de ser a mulher de mais de trinta que realmente combinava os dotes da beleza física e segurança psicoafetiva para ter um affair casual com um ex, sem gerar posteriormente incômodos e cobranças ou atritos idiotas. Semanas depois numa conversa com ela pelo telefone relembramos dos fatos e combinamos manter o segredo. Ela mesma disse que foi um acontecimento inevitável de momento, mas conscientemente pretendido devido a todo contexto e pela afinidade que tivemos no passado. Aquele “remember” segundo ela foi um divisor de águas para ela que há pouco tempo havia se  separado, terminado um casamento conturbado, e queria saber se ainda poderia realizar pequenos desejos, caprichos que toda mulher na situação dela sente vontade de realizar e por vezes se nega. Servi de teste drive para ela.      




Seriam essas coisas que coexistem em outras mulheres mais vivenciadas, que inexistem em outras como Ágatha por exemplo. No caso de Regina que sempre foi independente, morou no exterior, enfrentou um pai durão para se lançar numa carreira de modelo longe de casa. Quando conheci cada uma delas a época foi a mesma, e somente Ágatha mantém até hoje traços daquela menina que precisa de aprovação alheia para fazer algo acontecer e que se move por conselhos, muitas vezes péssimos, de terceiros que palpitam em suas decisões. Regina tinha aquele dom de ser intrigante e perspicaz embora muitas vezes fosse movida por certas futilidades ela nunca baixava a cabeça quando detinha razão ou teimava em enfrentar algo. Aceitava as conseqüência de seus atos sem desespero. Quando ela ficou grávida não teve choradeira, nem ataques histéricos de arrependimento, ela conduziu tudo de acordo com teor dos fatos. Simultaneamente a isso, Ágatha passava pelo mesmo rito de passagem e estava sob os cuidados da minha mãe que num misto de proteção e conceitos fechados tacanhos imutáveis, sempre deu suporte para ela, mas sem permitir que ela pudesse se fortalecer diante de muitas coisas e agir de livre espontânea vontade. 


A diferença marcante na forma de ser a agir das pessoas tem intima ligação com suas passagens pregressas de história de vida, decisões que aprendem a tomar e atitudes. Pessoas que ficam presas a certas influências e não agem por si mesmas o quanto antes, geram uma despesa futura, uma espécie de conta oriunda disso que é cobrada cada vez com preços mais altos que são pagos como se fosse um plano de seguro por bens avariados pelo uso ou falta de perícia em usá-los da forma adequada ou por excessos, negligências e imprudência.


O que mais me incomodava em Ágatha era isso, o alicerce dela no medo de romper essas limitações e sempre optar pela decisão que logo em seguida seria encarada como mais um equívoco para voltar atrás transformando com isso qualquer relação dela numa gangorra de idas e vindas. O desgaste que isso gera em tudo ao seu redor estava cada vez mais ficando evidente e pior. Pessoas que antes apoiavam ela estavam a deixando à deriva sem aconselhá-la para mais nada, sem auxiliar ela em suas decisões por terem essa mesma percepção. Com isso ela se isolava de pessoas que nutrem afeto por ela, distanciava até mesmo a própria Ingrid que confessava estar feliz distante da mãe sem as convenções e pressões que Ágatha impunha para ela. Isso era sem dúvida o medo da vida duma pessoa sendo transferido para outra. Por mais que Ágatha seja exemplar e afetuosa em muitas coisas, o seu lado íntimo do dia a dia transcorria sempre atrelado com atritos e desgastes com colegas de trabalho, com sua filha, e qualquer pessoa que cruzasse seu caminho e desafiasse contrapor-se ao medo dela. Por anos foi assim a cruzada da minha mãe com ela. Dona Monique sempre tinha sido a grande cuidadora e conselheira de Ágatha em tudo. Quando revelamos os fatos para Ingrid minha mãe disse ter tirado um peso dos ombros em conseqüência disso, pois por anos insistia com Ágatha para colocar as cartas na mesa, porém como se fosse cúmplice sempre aceitava a decisão dela em deixar para outro momento, para uma hora posterior ou melhor oportunidade. Era sempre esse adiar e nunca fazer o que precisa ser feito, até que um dia chegou ao final num beco sem saída.




O dilema de minha mãe era o de sua responsabilidade por uma garota de quinze anos que morava com ela que por sua vez tinha um namorado mais velho e não aceitava conselhos ou apelos para deixá-lo. Quando eu apareci nesse contexto caí de paraquedas numa ocasião em que ambos haviam brigado, finalmente terminado para alivio de muita gente. Passei duas semanas de férias em casa para visitar mamãe e lá estava Ágatha sabe-se lá agora se motivada por consolo fácil, por imaturidade e inconseqüência ou vingança do namorado, ou tudo isso reunido acabou cedendo facilmente às minhas investidas. Visto que eu não era nenhum santo propriamente a coisa tomou proporções inesperadas depois duma noite regada a cervejinhas. Um mês depois Agatha para não passar vergonha e com um poder demoníaco, talvez devido pela sua beleza, fez com que o namorado pagasse o pato. A narrativa sobre a vida deles nesse período é de que ela transformou o sujeito numa espécie de capacho dela. O rapaz suportou até onde pode, quando resolveu abandoná-la saiu à francesa da relação, sem avisar, simplesmente desapareceu, fazendo Agatha subir pelas paredes de ódio. Acionou o ex-marido judicialmente e voltou atrás quando o segredo sobre Ingrid parecia correr risco. Enquanto isso eu estava junto de Regina, numa a vida dois a mais amena curtindo a gravidez de Marie. De comum acordo deixamos um ao outro após ela ter recebido uma proposta de trabalho no EUA.        



Depois daquele reencontro com Regina segui meu destino rumo à Flórida encontrar com Marcos meu sócio para garimparmos oportunidades de investirmos em alguma coisa no eldorado dos brasileiros no exterior. O momento era propício e com dinheiro em caixa depois do chamado “milagre da soja” iria operar nas semanas seguintes teríamos ainda mais bala na agulha para fugir do mercado brasileiro que estava se deteriorando a passos largos. Cheguei em Doral com dores nas costas por ter vindo num vôo noturno lotado. De imediato fui procurar uma massagista e encontrei apenas uma fisioterapeuta meio hippie, meio tantra-yoga, mas totalmente loira que parecia uma versão de quarenta anos duma mocinha sem noção da realidade. Felizmente ela além de mãos de fada, leves como plumas tinha uma quedinha por seus clientes e correspondia a cantadas veladas que passei  mandar logo no segundo dia de massoterapia. Ao final de semana ela mesma se encarregou de me convidar para um evento de yoga que estava rolando na cidade e isso foi só pretexto para praticar sexo tântrico aprendido na palestra da guru a qual não sei dizer o nome também, mas para manter o padrão batizarei de Shivawoman.        


Na semana seguinte iria receber o convite mais estranho da minha vida. Um casal de amigos de Miami, Andrés e Ana Verônica, dois imigrantes mexicanos, iriam me propor uma coisa totalmente fora do contexto. Andrés era figurinha antiga no meu álbum de contatos, pois o pai de Valéria, minha primeira esposa, tinha negócios com ele no passado, ao ponto de sua filhinha assim que separou-se de mim foi namorar com Andrés por algum tempo. O fato é que ele é não pode gerar filhos e sua esposa a rica Verônica, uma gracinha de mexicana, de coxas suculentas parece estar com o relógio biológico a flor da pele. Depois de anos de tentativas sem sucesso até via inseminação artificial haviam chegado numa decisão que seria adotar, mesmo assim ficavam temerosos. 


O que vou lhes narrar parece enredo de novela mexicana devido aos fatos e personagens, mas foi real: Ambos depois dum jantar no apartamento deles, me propuseram que devido esse probleminha de Andrés, queriam eles de comum acordo como casal que eu engravidasse Verônica. A tentação de faturar a mulher do próximo sem cumprir o combinado logicamente bateu, mas as regras, as imposições de contrato de colocar uma coisa dessas no papel, e o meu lado ético de ter um filho que não seja eu de fato o pai a criar tornou aquilo logo de primeiro plano um tremendo absurdo na minha perspectiva. Apesar de conhecer ambos há anos e ter uma alta estima por eles, recusei a generosa oferta deles.



Logo após essa semana em Miami, na qual essa proposta foi a pauta maior dos meus pensamentos, era hora de voltar para casa. Desembarquei em São Paulo e sem ter tempo para nada segui para o velório de minha tia. Encontrei parentes e amigos por lá, e Agatha tinha vindo para acompanhar minha mãe e tia Charlô. Apesar do ambiente de consternação, Ágatha resolveu discutir a relação ali mesmo. O inquérito dela poderia ser adiado, mas algumas frases com nível de sarcasmo naquela hora me fizeram perder a paciência com ela. Levei ela para o carro, passei um sermão nela devido a natureza do comportamento dela justamente naquela ocasião, a choradeira dela começou, aquele vitimismo barato, todas aquelas acusações sendo distribuídas como se ela mesma não tivesse culpa alguma no cartório também. Minha irritação chegou no limite e pedi para ela sair do carro. Qualquer coisa além daquele ponto não era do meu feitio em discussões. Me despedi das pessoas, e não fiquei para o enterro, voltei para São Paulo transtornado e cansado da viagem. Como não tinha clima para nada e estava acontecendo a manifestação de rua segui para Avenida Paulista tomar ar e testemunhar os fatos para me distrair. Ao longo da passeata relaxei e voltei depois de algum tempo para casa dormir. Na manhã seguinte fui para o escritório e parecia que os deuses das loiras insuportáveis estava afim de me testar de qualquer forma. Évelin minha secretária começou com uma série de questionamentos do porque não havia orientado ela a acertar seu passaporte para poder ficar comigo nas viagens visto que a titular Ágatha não havia aceitado mesmo. Naquele momento me dei conta que meus erros custariam caro e os de Ágatha já tinham enchido o copo que já transbordava desde que havia reatado com ela. Brigar com Évelin não surtiria efeito, e misturar coisas do trabalho com relacionamento pessoal era uma exclusividade que só havia dado para Aline e Bia até então.

Num ato talvez sem melhor escolha, resolvi tornar efetivo o desejo de Évelin ser transferida para Sorocaba de onde tinha vindo para sede em São Paulo. Aceitar o próprio pedido dela enfureceu ela mais ainda e ela desapareceu o resto da semana, pediu demissão e depois voltou atrás no decorrer da semana. Enquanto isso, os problemas só aumentavam, durante a semana minha mãe e tia vieram para São Paulo me pedir para acompanhar ambas para uma viagem para resolver detalhes burocráticos da compra dum imóvel para elas na França, o qual era o sonho delas, aposentar-se e passar temporadas na França. Aquela ideia estava se alastrando pela família há anos, meu irmão que morou boa parte da vida no exterior, separou-se da mulher no Canadá e seguiu para França. Numa curta passagem pelo Brasil ajudou a fazer a cabeça de mamãe para levar mais a sério ainda os planos dela e titia. De quebra isso ainda contagiou Ingrid e até Bianca que passou a fazer planos futuros para um dia fazer o mesmo. Aquela história parecia destoante da realidade, todos queriam enfiar duma hora para outra todo seu patrimônio em sonhos duma vida ociosa na Europa. Meu lado pragmático ficava atordoado com tudo aquilo, pois da noite para o dia todos estavam pensando na mesma coisa, sem planejar nada com detalhes. Coisas que levei anos para fazer funcionar e levar a cabo eles queriam fazer acontecer sem considerar hipóteses concretas.

Resolvi aceitar o convite delas, acompanhar as velhotas na tal viagem para agilizar tudo aquilo visto que não seriam demovidas da questão e todo o processo só dependia de assinar uma papelada. Nesse lapso de tempo Agatha liga pedindo desculpas, e como sabia da viagem e a informação que iria com mamãe e titia nessa nova agenda isso foi mais um motivo para ela logo em seguida de pedir desculpas pelo ocorrido no funeral recomeçar a artilharia pesada de acusações e chiliques de ciúmes. Naquele momento relevei aquilo sem retrucar nada por puro cansaço de semanas de viagens e contratempos nos negócios. Ela bateu o telefone na minha cara após dizer: “Quando voltar nós conversaremos definitivamente! O tom de ameaça dela não me comoveu. 



Liguei para Marie em seguida, pois ela também iria na viagem para acertar o contrato dela numa agência de modelos em Londres. Depois  fiz contato com Regina, foi quando relembramos o ocorrido semanas antes, confidenciei diversas coisas para ela sobre minha relação desgastada com Ágatha, coisas sobre a família, ela fez o mesmo, relatou coisas sobre a vida dela e demos boas risada como amigos de longa data, irmãos de afeto, e não como amantes. A semana só teria um ponto alto: Milena a juíza vizinha de porta no prédio. Depois de meses ela não fez rodeios, não fez exigências tolas, foi direto ao ponto. Ao me encontrar  no elevador disse que sempre pensava em "nós" e aquele "nós" em seguida se tranformou numa declaração do tipo: "Olha eu sei que você é uma cafajeste, mas eu estou carente e quero transar feito uma louca". Sem entrar em outros detalhes sobre nossas ações e confissões dela durante aquela já podem imaginar como a coisa desenrolou depois dum vinhozinho de pretexto.


Por falar em confissões entre homens e mulheres. De todas as minhas amigas confessoras Regina é uma das poucas tem um status diferenciado. Ela faz parte do rol das poucas que conhecem fatos e versões e faz parte deles.  Uma das poucas que aceitou ficar comigo mesmo eu tendo confessado meus erros e traições para ela. No caso ter ficado com Agatha naquelas férias.  Dentre outras que foram para cama comigo, ou que tinham envolvimento direto com determinadas situações, ela sempre teve mas franqueza comigo, foi talvez a única que também saiu da nossa relação, do tal "nós" sem deixar nada quebrado entre "nós". Ela compreendia determinadas coisas ao ponto de tecer comentários mais aprofundados sobre nossas trocas de informação sobre fatos da vida. Até mesmo Ágatha tinha antes desempenhado esse mesmo papel, quando estava com Bia, era ela quem tinha o ombro amigo, mas ela nunca proferia opiniões. Sempre dava afeto, dizia que iria orar, que poderia contar com ela, ela apenas se fazia presente com um simples sorriso e olhar. Aos poucos ela tomou o papel inverso nesse contexto: de ouvinte se tornou uma da temáticas. 


          
    
O meu hábito de abrir-me com certas mulheres é bem antigo. Muitas vezes foi ouvindo e sendo ouvido que obtive o feedback delas sobre determinadas situações nas  que evitei encrencas, solucionei outras, acertei os ponteiros nas relações. Durante a adolescência faculdade aprendi a ouvi-las, em especial Ane, que parecia a pessoa mais frágil do mundo, o tempo a manteve  sempre com a mesma essência, mas com formatos diferentes. Nos últimos tempos Aline era a quem ouvia, ela me revelava tudo dela, e nada ou quase nada de mim ela extraia de mim no campo pessoal. Era uma espécie de tutor dela nos negócios e na vida, sabia tudo dela, talvez por ela ser jovem e falante, mas já outras mulheres de mais idade com o mesmo jeito dela. Diferente de Ane a relação com Aline sempre teve o apelo da sedução, e não de amizade, foram anos assim, num jogo de sedução, desde o começo ela adorava receber elogios, insinuações e num breve espaço de tempo nossa relação se desenvolveu com tamanha cumplicidade que confiava assuntos de trabalho diretamente para ela. 


Para mim, estar com ela e Bia, mesmo casado não era traição. Naquela época tinha perdido completamente o senso de distinção desses valores. Viver o lado bom de ambas as mulheres era tudo que me bastava nesse sentido. Meu ego  e arrogância com determinadas coisas era muito mais inflado naquela época. Ao dizer que nunca passei nenhuma mulher para trás minto propositalmente, pois todas duma forma ou outra, por melhores e mais bondosas e fiéis que fossem comigo receberam de mim infidelidade. Entretanto, mesmo estando com duas, ou trocando uma pela outra em decorrência do acontecimentos, nenhuma delas parecia me odiar, todas depois de algum tempo depois que a poeira baixava e mágoas ficavam menos intensas acabavam mantendo uma relação de afeto e cumplicidade comigo. A única até hoje que se exclui dessa lista de amantes que se tornam grandes amigas, confidentes é Valéria. Essa sempre fez questão de ressoar aos quatro cantos do universo que estraguei a vida dela. Como toda regra comporta uma exceção eis aí uma delas. 

Todavia. resolvi transformar essa repulsa dela por mim em amizade. Notava nela certa angústia e estava cuspido e escarrado que amor da vida dela nunca fui eu, mas sim o tal Andrés, o maluco que queria que concebesse um filho com a esposa dele. No fundo o sujeito passou a dar asco depois daquilo. Não relatei o acontecido para ela sobre o pedido de Andrés, porém quando retornei liguei para ela e soltei uma nota de rodapé que ele tinha me perguntado sobre como ela estava. Dessa nota de rodapé, ela quis saber a resenha, e daí foi a hora de mexer com a cabecinha dela. Toda aquela história de Andrés desejar de qualquer forma ter um filho com Verônica parecia mais uma farsa dum desesperado. Ele sabia que a esposa um dia ou outro iria puxar o tapete dele. Consequencia direta disso seria perder as mordomias de marido casado com a filha dum figurão ricaço. Morar do outro lado do país sendo sustentado pelo sogrão era tudo que ele queria manter enquanto traia Verônica que fazia vista grossa.   Para especificar a tática dele podemos chamar isso de golpe da barriga ao contrário, no qual é o cara que engravida moça para segurar o bom partido.


Foi durante aquela semana em Miami que essa bagagem de saber ouvir e decifrar  o que as mulheres dizem e como se portam em situações extremas dos seus relacionamentos que notei que Verônica estava sendo manipulada e aceitando aquilo por medo. Medo de perder o príncipe encantado, por mais escroque que fosse Andrés, era ele o primeiro amor da vida dela, o cara que tirou a virgindade dela, mas tratava ela na base na manipulação. Isso era evidente. Fazer a mulher aceitar com tamanha passividade transar com outro cara para conceber um filho, convencendo ela que o filho seria deles, que estava tudo dentro da maior normalidade, era o ápice da lábia que jamais havia visto. O cara não amava ela. Estava na cara que o amor da vida dele só poderia ser a enjoada da Valéria que só não foi a Verônica da vez por capricho do destino devido o pai de Valéria não ter conseguido manter os negócios no EUA. 


Diante de tudo isso, eu intentava fazer aqueles dois pombinhos reatarem e livrar-me duma vez por todas das farpas de Valéria. Quem sabe assim ela seria eternamente grata a minha pessoa. Uma semana depois descobri que ela num ato repentino resolveu visitar o Quim na faculdade e deu uma passadinha em Miami. Supostamente fazer compras. No dia seguinte que ela retorna ao Brasil, ela me envia uma mensagem desaforada dizendo que estraguei a vida dela mais uma vez, taxando aquilo como vingança contra ela e ele, pois Andrés estava muito bem casado e feliz. Apesar de bem casado e feliz, o fato dele ter esmorecido ao ver ela novamente.  Porém,  passar um final de tarde romântico ela omitiu. Saberia isso por outras fontes diretas e muito confiáveis; a saber, a própria Verônica que estava furiosa com o marido dessa vez por ter se reencontrado com um amor do passado. Mesmo assim, Valéria estava também puta da vida, dizia ela que não se prestaria a papel de amante de ninguém na vida e encarrilhou uma série de ofensas a minha moral e bons costumes.


Como tinha passado uma semana infernal anteriormente resolvi colocar panos quentes naquilo e livrar meu pescoço da guilhotina valeriana. Prometi presenteá-la com perfumes franceses se ela me desse o benefício da dúvida. Aquilo deixou ela mais furiosa, e mulheres nesse estado não pensam em nada, apenas são coordenadas pela histeria, e usar isso contra elas é divertido em certas ocasiões. Ela me xingava a cada mensagem, e eu perguntava qual perfume ela queria. De repente, enviei a foto duma vitrine para ela, ao ver os dizeres Channel  Colection e ela entregou os pontos. Por mais que meus planos parecessem sórdidos, o fato de saber que Valéria se move através de ilusões e caprichos sem medir consequencias era o que estava fazendo ela ficar menos indócil comigo. Uma das minhas amigas confidentes Marise, cuja sabedoria mística em desvendar o perfil psicológico das minhas amantes é sem igual, tinha total razão, certas vezes é preciso usar o humor, persuasão e sedução para resolver as coisas. Ela dizia isso em relação ao modo que lidei com as coisas com Ágatha, parece que a impaciência da minha parte e os hormônios mexidos pela gravidez e histórico de cascas de banana dela não estavam combinando na resolução dos constantes atritos entre nós. No entanto, com Valéria estavam fluindo as mil maravilhas. Ao ponto dela abrir o coração dela dias depois numa mensagem dizendo: “Por muito tempo eu detestei até mesmo estar na sua presença. Odiei você com todas as forças que tinha. No dia que estive com ele te odiei ainda mais. Quando briguei contigo foi por estar magoada com você! Não será um perfume que você trouxer de qualquer lugar bonito do mundo que me fará sentir melhor. Sabe o que me fez sentir bem depois de tudo isso? Saber que você nunca retribuiu nenhuma das minhas ofensas todos esses anos. Por favor me perdoe por não ter sido a pessoa que gostou de você como você talvez mereça. Saiba também que o nosso filho é o  melhor presente que tive na vida e foi você quem me deu. Não traga perfume nenhum. Apenas me desculpe por ser chata contigo”. 


Nisso eu já tinha comprado a porcaria do perfume é lógico... mas... quando li essa mensagem estava na sala de espera dum alfaiate em Londres sentado ao lado um senhor. Me emocionei com a mensagem da Val e o senhor percebendo o meu engasgo súbito, perguntou se eu estava bem. Respondi num inglês mobral: “Bom não é a toda hora que alguém consegue te deixar sem palavras”. Ele notando o meu sotaque estranho me questionou de onde era. Quando disse que era brasileiro e que estava ali para mandar fazer um terno porque era meu aniversário do dia seguinte ele me estendeu a mão e me deu os parabéns e disse: Bem, meu amigo, eu também faço aniversário amanhã e vim provar meu terno também! Caímos na risada e foi nesse momento que conheci Anthony Hughes, um velho publicitário inglês de quase oitenta anos que tem a disposição dum garoto e um jeito de tratar as pessoas como se fossem íntimos há décadas.      


Comentei com ele sobre o assunto e ele parecia ser um daqueles sábios de histórias em quadrinhos, resumia as coisas com simplicidade e naturalidade. Experimentamos nossos ternos juntos. Como ele era velho cliente do alfaiate fomos atendidos com todas as honras da casa com direito a um brinde por sermos aniversariantes. Após isso ele me convidou para ir caminhando com ele até o seu escritório que era bem próximo, tomamos um chá na recepção e ele solicitou para sua secretária um convite da festa dele tornando-se assim meu anfitrião  oficial na Inglaterra nas palavras dele. Aquela gentileza incomum daquele velho senhor só aumentou nos dias seguintes. Como era irrecusável um convite feito com tamanha elegância e generosidade a um estranho fui com Marie nessa festa. Pontualmente na hora marcada como manda a etiqueta britânica estávamos lá numa graciosa recepção que mais parecia cena de filme. O velho Tom parecia ser um homem muito bem sucedido. Ao encontrá-lo na festa apresentei Marie para ele, logo de cara ele a encantou também como se fosse amigo dela há anos.   Sem seguida ele apresentou as netas, alguns amigos e ficamos na festa desfrutando os momentos. Após o discurso do aniversariante, da valsa antes de cortar o bolo, já tinha conhecido toda família de Tom ao decorrer da festa. Marie fora convidada para dançar por muitos inclusive pelo aniversariante dono da festa. Ele por sua vez me retribuiu a gentileza me apresentando a filha dele Claire e dizendo para que nós dois dançássemos. Meio encabulados pela surpresa seria desfeita recusar um desejo do aniversariante em sua própria festa.


Ao dançar com Claire percebi que estava em minhas mãos a principal jóia da coroa do velho Tom. Uma bela mulher perfumada de olhos que combinavam com o celeste do vestido não surge assim sem o menor esforço no seu destino. Parecia que estava flutuando num sonho e assim a música terminou ela abriu um largo sorriso e disse para acompanhá-la até a mesa dela. Notadamente o comportamento refinado e elegante estava na genética daquela família. Ao chegar na mesa ela me apresentou para algumas pessoas e sentamos juntos lado a lado e ela passou a dizer o quanto o pai dela havia ficado surpreso comigo pelo encontro fortuito que tivemos e disse que para ela que eu recordava e muito o falecido marido dela. Nesse momento, me recordei que ingleses são muito diretos e não fazem rodeios no que tem a dizer, e embora o assunto parecesse um pouco mordido e estranho, o que Claire queria expressa é que o marido dela não tinha nada a ver comigo porque ele era loiro e eu não. Na verdade era uma piada, e foi assim que aquela mulher tímida quebrou o gelo comigo e depois ainda dançou mais uma música comigo. Ela tinha sido a minha surpresa de aniversário naquela noite.  No dia seguinte aceitando a mais um convite, dessa vez de Albert genro de Tom, fui conhecer a empresa deles e depois fomos jogar golf quando descobriram que eu também um praticante do esporte. Como o dia não estava propício para tacadas devido a chuva ficamos num dos bares do clube conversando por horas, até que a esposa de Albert, Celine e Claire pareceram para um lanche. Como um convite leva a outro dessa vez foi a vez de Celine convidar para passar o final de semana na casa de campo para uma recepção de páscoa. 

Como os afazeres de Marie estavam concluídos e ela também já estava nas graças das filhas de Claire a coisa fluiu naturalmente. Foi justamente nessa ocasião que Claire depositou um bilhete no meu bolso antes da despedida. Ao se despedir parecia que estava rolando um clima, visto que Celine e Albert nos deixaram a sós um pouco antes da despedida.

Vou narrar o único fato relevante desse final de semana pascal: Na noite da tal recepção ao final  dum dia chuvoso, de caminhadas ao ar livre quando havia uma trégua e de  conversas estava cansado pela rotina de viagens incessantes e algumas noites mal dormidas.   Tomei um banho apressado, dei um tapa no visual à moda a primeira faz tcham e segunda faz tchum e tcham-tcham-tcham! Coloque bom e velho perfume e camisa branca, impecavelmente branca de botões e um colete, aquele look bem Jonny Deep

Taquei um pouco de gel de cabelo e fiz aquela cara de Elvis no espelho com biquinho e tudo e fui pra recepção. Antes de sair escrevi um bilhete  em resposta ao que Clair havia me escrito dizendo, “adorei o perfume do seu bilhete” cafona e pouco imaginativo eu sei, mas funcionou no final das contas.

Como estava numa espécie de casa de hóspedes foi só atravessar o jardim e aparecer na casa ao lado onde a Marie já estava por lá enturmada numa recepção, cheguei sorrateiramente e fui falar com ela, me servi duma taça de alguma coisa e logo vi que a Claire estava de papo com um outro cara de pé perto duma estante. Ela viu que estava ali e acenou com o copo, encarei ela olhos nos olhos de longe e sorri e acenei com meu copo de volta, o cara com ela parece não ter gostado, mas que se dane. Aguardei uns cinco minutos e ela não veio falar comigo e continuava falando com o tal cara. Tudo bem nada perdido afinal ela tinha dito um dia antes que tinha adorado conversar comigo, me conhecer a ponto de redigir um blihete para dizer isso. Aquilo era um sinal auspicioso ou no máximo um ato refinado de paquera ou extrema educação britânica. Como versa a teoria dos melhores manuais de conquista é o homem que tem que chegar na mulher e não o inverso. Portanto, tinha que bolar um jeito de me aproximar de Claire, falar com ela, a estante seria o meio perfeito, cheia de livros, fui lá ver o que tinha de autores como quem não quer nada, mas pensa em casa passo.

Ela continuava o papo com o cara, mais cinco minutos, achei que interromper a conversa deles seria fatal, deselegante, sei lá, mas então como não tinha visto o Tom por ali até então, fui questionar ela onde o pai dela estava, usei isso como forma de fazer um primeiro contato na esperança que ela deixasse o cara falando sozinho. Ela falou que o Tom estava na varanda, me desculpei por ter interrompido eles, e fui lá na varanda, realmente o Tom estava lá com outras pessoas, cheguei ali o cumprimentei, e passamos a conversar em turma, pouco depois,  uns minutinhos depois, eis que ela aparece com cara nessa roda, achei tudo perdido nessa hora, mas foi aí que a coisa mudou de rumos, ela se posicionou ao meu lado, e quando o cara entrou numa conversa com outro sujeito ela me chamou cochichado no ouvidos para irmos para a cozinha. Aí foi simples ela disse que não aguentava mais ficar de pé, coisa e tal, tirou o salto alto, disse que precisava de água, quando ela abriu a geladeira para pegar água, coloquei o bilhete no balcão ao lado dela, e disse para ela, tai a resposta do seu bilhete, ela deixou a água de lado, pegou o papel leu e deu risada virou-se e estava até meio vermelhinha.  Disse que não sabia o que dizer. Nisso olhei pela janela e vi que não estava caindo um pingo de chuva, chamei ela para tomar um ar fora casa, assim evitava do cara pedante de reencontrá-la; ela topou...


Fomos andando conversando sobre trivialidades, daí voltei no assunto do bilhete, disse que estava curioso com uma coisa e perguntei se ela estava com o mesmo perfume do bilhete ela disse não, que era outro, e me deu o pulso dela para cheirar. Olhei em volta para ver se barra estava limpa, peguei na mão dela cheirei o pulso dela e ao abaixar as mãos juntas puxei ela levemente em minha direção, ela resistiu, estranhou, mas acabou vindo, daí arrisquei meio temeroso a tacada final dizendo acho que no pescoço está mais forte pra sentir. Ajeitei o cabelo dela atrás dos ombros e ela parecia sem graça e dei uma fungada naquele pescoçinho cheiroso bem de leve como se fosse cheirar um frasco de cristal de perfume. Então... daí cheirei e fiquei face a face com ela bem pertinho, ela tímida, não encarava, até que olhou pra mim olho no olho e apertou os lábios dela, como se dissesse: Tome iniciativa! Voltou olhar pra baixo, aí pronto aquilo pra mim foi o sinal verde foi puxar ela, erguer o rostinho dela com o dedo no queixo como manda o figurino e arrematar um beijo.

Não durou muito o beijo, parece que bateu uma timidez tremenda nela no meio do beijo, mas serviu para marcar presença, daí ela disse que precisava voltar para a recepção, eu disse que iria descansar e ela ficou meio desapontada sem entender, mas daí disse que se ela quisesse falar comigo era só mandar outro bilhete perfumado depois da festa, ela respondeu “tive uma ideia melhor”, me chamou para ir com ela até um corredor da casa, pegou um papel e caneta do lado dum interfone, e escreveu “adorei o beijo te vejo amanhã depois no café?” Li o bilhete e disse que sim, ela sorriu se despediu com um selinho e voltei pra casa dormir com a missão cumprida.



O que pude concluir, ao menos com mais referencias, é que ela é tímida demais para ser uma espécie de viúva “come quieto” daquelas com romances secretos ou esconde muito habilmente isso como nunca vi antes. Essa impressão advinha da forma que ela me tratou desde a primeira vez que nos vimos. Logo de cara o próprio pai da moça lança ela subitamente em meus braços para dançar comigo. Coisas assim tendem a criarem enredos favoráveis. Passamos o restante da noite de festa conversando o dia seguinte mais uma vez ao ponto de arrematar num bilhete que tinha adorado nossas conversas. O nexo causal dos fatos estava a favor de algo mais não havia como negar.

Por outro lado, acreditava que ela é muito assediada como pude notar pelo cara que falava com ela, porém ela fica com medo de se envolver devido a família ser muito próxima e ter uma certa necessidade careta de aprovação geral deles pelo modo que eles são tão juntinhos em tudo. Sabe aquelas famílias bem grudadas que passam o tempo inteiro colados? E outra porque os caras pelo jeito que vi aquele cara tratando ela vão com sede ao pote muito mais para fazer parte daquele mundinho sofisticado deles do que realmente por ela. Isso a irmã tinha relatado en passant na outra conversa que tive com elas e a irmã num drink no jardim quando falávamos de família, relacionamentos essas coisas, depois outra enquanto fazia uma caipirinhas á moda brasileira atendendo a um pedido do irmão de Tom, um piloto da força área aposentado e que vivia com um copo na mão.  Aliás, elas me encomendaram havaianas durante esse papo. Achei hilário aquilo.

Outro detalhe, acho que ganhei pontos rápido com ela porque cai nas graças do pai dela da forma mais formidável da vida; pelo acaso. O Tom me convidou para festa dele e foi muito com a minha cara no alfaiate ao ponto de fazer isso, fui convidado para jogar golf, conhecer cada detalhe da vida deles sem nenhuma ostentação e arrogância mas sempre com uma finesse daquelas. Dizer para passar o final de semana com eles nessa casa de campo com a Marie, tudo isso era ser tratado como se fosse uma celebridade para mim. Além disso, Tom  é um cara que é fã do Brasil,  de futebol, de MPB, e pasme, Machado de Assis e Clarice Lispector ,  já esteve por lá, ficou dizendo que irá vir me visitar quando puder, que quer conhecer Curitiba e aprender uns passos de tango em Buenos Aires depois disso. Então fui entrando de cabeça nesse enredo deles, pois eles são bem simpáticos, todos eles, e muito receptivos com todos, especialmente com a Marie que é craque também em fazer amizades com facilidade.  Na festa mesmo achei que iríamos ficar meio à margem deslocados só eu e a Marie, pelo contrário, nos enturmamos e depois que dancei um pouco com a Marie o Tom tirou ela pra dançar e chamou a Claire para dançar comigo que também era aniversariante e tudo fluiu sem precedentes. Passei a dar razão a uma das frases de minha mãe: “Faça bons amigos e eles te trarão coisas boas e dias inesquecíveis”. Lembrava que ela dias antes, já na nova residência dela e de titia, me avisavam que dias auspiciosos e uma nova era pós-agatha iria começar na minha vida que era para eu ficar tranqüilo que na minha idade tudo passa. Com certeza elas tinham razão.


A cada dia logo em seguida a pisada de tomate de Ágatha as coisas foram ficando mais amenas.  Como já tinha acertado a papelada dos negócios de mamãe e titia resolvi deixar elas passeando sozinhas com Marie e minha irmã e outras duas sobrinhas que formavam nossa comitiva. Fui espairecer caminhar pelas ruas, comprei ingresso para o jogo do Brasil contra França e fiquei rodando pela cidade tomando vinho e comendo formages deliciosos e apreciando as belas francesas que via nos pontos de metrô. Aliás, os pontos de trem são locais excelentes para conhecer mulheres. Na Gare du Nord fui checar se haveria trens na sexta feira para Mônaco e horários de TGV e tinha uma garota na fila fazendo o mesmo. Como eu estava com uma camisa da seleção brasileira estava sujeito a ser interpelado por alguém devido ao jogo no próximo dia. A garota foi uma dessas a perguntar em tom de brincadeira algo: Você é amigo do Kaká? Disse que não era amigo dele, mas que ele residia no prédio em frente ao meu em São Paulo. Ela caiu na risada e retrucou: Ótimo, e eu sou vizinha do Príncipe em Mônaco! Nisso a conversa engrenou em outros assuntos e quando percebemos estávamos contando piadas um para outro e indo juntos para outra estação coletar informações sobre trens para Mônaco. Como ela não falava um francês castiço logo perguntei de onde seria aquela divertida loirinha simpática de sotaque enrolado. Achei que estava diante duma bela russa, mas na verdade ela seria uma bella ragazza, ou melhor dizendo mezzo dinamarquesa e mezzo tcheca. Filha de músicos eruditos pai dinamarquês e mãe tcheca Karol era um raio de sol num céu que estava se abrindo. 


Depois de nossa coleta de informações ela mesma encarregou-se de me convidar para um café, ficamos batendo papo, e depois do lanchinho, passamos para os vinhos e embalamos numa discoteca até que percebemos que eram altas horas e não conseguíamos desgrudar um do outro. Levei ela para o apartamento dela e mais uma vez a ousadia dela se fez presente: ela me convidou para passar a noite com ela – sem segundas intenções – estava tarde e frio a piada da vez era que ela adoraria ter um ursinho para dormir com ela. Entramos no apartamento e os amassos que já vinham acontecendo desde a discoteca só foram interrompidos pela fatídica mão boba naquele par de seios macios como formage.

Karol olhou para mim com aqueles olhinhos de gata e sorrisinho irônico e disse com aquele sotaquinho: “Non mon petit ours Karol veux juste baisers” tirou minha mão debaixo da blusa dela deu um tapa forte nela e disse: “Comporte-se! Vamos dormir apenas! Não seja um menino mau e sim um bom ursinho”. Aquele jeito divertido e atrevido de Karolina me deixou nas nuvens, parecia que tinha encontrado a mulher perfeita para a ocasião perfeita. De manhã ela me acordou com um tapa na cara e começava a achar que ela era meio sadomasoquista. No entanto, pelo contrário era uma mulher – uma balzaquiana – que em parecia ter uns dez anos a menos e estava na França cursando pós em arquitetura. Ela disse para tomar banho e sairmos sem fazer barulho para não acordar sua colega de ap, pois iríamos fazer um piquenique matinal na Bois de Boulogne. Da noite para o dia eu que não curtia nada além de museus e padarias parisienses e não entendia nada de Paris como cidade dos amantes passei a entender o merecido título de cidade do amor e boêmia.


Karol estava na cidade fazia alguns meses e disse que tinha um a espéci de namorado local, nada oficial, mas ele não dava muita atenção para ela e vice versa, pois segundo ela com certeza ele não tinha algo que ela gostou no meu perfil: “o jeito latino de mexer com uma mulher”. Passamos o começo da manhã juntos, depois ela tinha compromissos e aulas. Após o jogo nos encontramos novamente para jantar e dessa vez parecia ter conquistado a confiança dela. Fomos para o meu hotel e nada rolou novamente, mas ao menos teria ainda mais dois ou três dias com ela porque tínhamos comprado passagens para Mônaco. Finalmente eu iria conhecer Mônaco e com direito a companhias femininas, pois a colega de apartamento de Karol iria nos acompanhar. Karol tinha pesquisar alguma coisa por lá e eu estava finalmente tendo alguns dias folga sem pensar em transtorno algum, nem de negócios nem de relacionamentos. Já amiga dela era uma estudante de gastronomia e queria apenas passear também. Fizemos uma viagem bastante divertida, Debora e Karol pareciam irmãs, e não colegas que dividiam o mesmo apartamento para economizar nas despesas. Ambas de origens tão distintas, uma era arquiteta filha de dinamarquês com mãe tcheca, gostava de música clássica de arte tinha um jeito intelectual despojado. A outra uma texana que tinha resolvido largar a vidinha acadêmica para se dedicar aos seus dotes culinários profissionalmente, nem parecia americana, a não ser pelo fato de gostar de rock e baseball, no mais parecia ter esquecido tudo da sua carreira de astronomia e preferia falar de pratos finos e pretendia voltar para Houston abrir seu próprio restaurante. Ambas ótimas companhias sempre animadas e provocando risadas. Karol parecia uma daquelas namoradas dos tempos de adolescente, tinha momentos que Debora ficava meio deslocada, mas logo se acostumou.     

Assim que pisamos em Mônaco ficamos deslumbrados com o lugar. Era a primeira vez para aquele trio de pessoas unidas pelo destino estar ali, talvez fosse a única vez na vida que estaríamos por lá. Karol logo passou a fotografar tudo parecia que tudo lhe trazia idéias e tinha alguma coisa a ver com sua pesquisa. Deb parecia uma criança num cenário de filmes. Já eu queria saber onde o Senna tinha passado por ali e onde era o Cassino de Monte Carlo. Enquanto isso, em algum lugar minha irmã, tia, filha e sobrinhas também estavam em algum lugar ao sul da França alguns dias a mais. Certamente ouvindo memórias da minha mãe sobre cada vez que tinha visitado aqueles lugares. Se havia alguém que poderia servir de guia para ambos os grupos nesses lugares era Dona Monique. Cresci ouvindo historias desses lugares, de cada ponto turístico, sobre histórias de livros retratadas naqueles lugares. Parecia que o Conde de Monte Cristo poderia ressurgir ali ou acolá em qualquer momento para nos saudar.

Como não poderia deixar de ser ficamos boquiabertos com o luxo de tudo em Mônaco, cada lugar tinha ou meia dúzia ou uma dúzia de carros de marcas famosas estacionados como se fosse a coisa mais natural do mundo ser dono duma Ferrari, Jaguar ou Audi R8 V10. Se há um paraíso de milionários esse lugar é Mônaco. Havíamos combinado que se alguém dali nos achasse pobres ou desprovidos de posses, diríamos que estávamos ali para reivindicar nossas heranças devido sermos bastardos da família Grimaldi. Terminamos o primeiro dia ali assistindo ao por do sol do mediterrâneo de arquibancada.Na manhã seguinte Karol nos levou para Catedral, a tarde passamos orla e a noite o grande momento da viagem visitar o Cassino e torrar todas nossas economias nas mesas de jogos. Parecia que apenas eu e Debora conhecíamos as regras daqueles jogos. Enquanto Karol ficava fascinada com o lugar nós perdíamos algumas rodadas para banca, porém ao final da rodada o prejuízo não passaria de uma centena de euros. Depois disso como estava com duas belas acompanhantes chamava a atenção dos magnatas desacompanhados. Se há algo que o dinheiro não compra é personalidade e simpatia, muito menos juventude. Os velhotes pareciam querer decifrar quem era aquele sujeito com duas belas garotas de olhos celestes uma loira e outra de cabelos lisos negros sempre sorridentes e esbeltas devido a dieta promovida pela Chef Deb e tara de Karol por corridas. As duas pareciam saídas de algum filme ou livro para realidade. Quando colocaram vestidos e algumas jóias ninguém diria que ambas são estudantes em Paris e dividem um apartamento, muito menos que são duas balzacas. Se tinha alguma prévia de céu na terra aquela seria a tal prévia na minha opinião.

Após esse final de semana terapêutico para todos nós três voltamos para Paris. Chegamos domingo na calada da noite me despedi das meninas e prometi visitá-las novamente. Karol parecia desapontada no final das contas tínhamos nos dado bem e aquele gostinho de quero mais parecia ser o que nos faria manter contato. Depois daquele tour pelo cassino não tinha com não fechar a noite sem cairmos em tentação. A noite mágica fora completada com uma noite de prazer romântica sob a luz daquela bela lua da costa sul francesa. O corpo dela parecia flutuar entre os lençóis, cada gemido dela me dava prazer, cada movimento nosso parecia sincronizado. Não parecia que era uma primeira vez, parecia que nos conhecíamos há anos. De manhã quando acordei com ela ao meu lado, foi impossível não fazer comparações com todas as outras e imaginar que cada uma que poderia estar ali naquele mesmo lugar, vivenciado tudo aquilo, tinha perdido a oportunidade por desentendimentos, caprichos e finais infelizes. Apesar disso, me senti feliz, se o mundo tivesse que acabar naquele dia, nesse exato momento eu estaria agradecendo aos céus pela vida que estava desfrutando. Saber que são esses raros momentos onde tudo no universo conspira ao seu favor e parece te reverenciar de alguma forma é que faz cada dia valer a pena.

Seja na festa do Tom ou naqueles dias em Paris ou final de semana em Mônaco, nada que tinha vivido antes fazia tão sentido quanto aquilo. Não me perguntem os detalhes, pois parece que tudo isso foi uma energia cósmica que talvez a chef-astrônoma nossa companheira de viagem também não saberia explicar. Quem souber talvez guarde segredo, mas o que importa no final é viver intensamente cada momento sem desperdiçar oportunidade de viver ao máximo as coisas boas da vida. Seja onde estiver, pois o cenário ou palco não importa tanto assim. O que importa é como e com quem. Mais uma vez aquela frase faz sentido: Boas comapnhias te proporcionam momentos inesquecíveis.

Enchanté mon amis!                       

               








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