quarta-feira, 9 de abril de 2014

Vuelvo al sur



Confesso que nunca fui um exemplo de santidade e muito menos um sujeito revoltado com certas coisas que transformam a vida humana num monte de ressentimentos e mágoas. Sempre fui mulherengo e considero o ato de flertar e conquistar mulheres um esporte o qual me considero atualmente um atleta já veterano. 

Mulheres sempre fizeram parte do meu dia-a-dia desde da infância. Desde duma empregada de shortinhos até uma professora conservadora, porém tesuda, no colégio sempre me motivaram a apreciar a espécie feminina com muita devoção. Passei basicamente a vida toda procurando a mulher que fosse capaz de me fazer apaixonar-me perdidamente por ela e fazer esquecer rabos de saia. Quase consegui realizar isso quando me casei com Bia, mas o destino parece ter me trazido mais uma vez bons motivos para sucumbir à carne fraca e luxúria.

Aos vinte oito anos de idade eu já era um cara rodado, ou como diria Jimmy Hendrix eu tinha “experience”... Viajei quase o mundo todo e conheci lugares e pessoas fantásticas por mais banais e superficiais que fossem para elas mesmas.  Com essa idade eu tinha a minha grana, mandava no meu próprio nariz e tinha em minhas mãos pequenos poderes que fazem mulheres difíceis ficarem fáceis e as fáceis mais fáceis ainda.  Não tinha deixado ainda o jeito moleque e dado a certas travessuras – ainda não deixei – porém sabia conciliar  responsabilidades com a diversão. Sabia de cor e salteado que a vida é dura e que às vezes tudo dá errado, mas que isso não é motivo para perder a fé e alegria. Afinal de contas, se todas as rosas fossem vermelhas tivessem o mesmo perfume do que valeria serem rosas? Era isso que dizia algum escritor quando se referiu a vida como uma série de novas experiências a serem vividas e outras para serem suplantadas.

A senhora minha mãe, apesar de toda sua postura elegante e conservadora francesa tinha deixado bem claro para todos seus filhos uma coisa: A vida é curta. Embora isso soe melhor em francês, prefiro dizer isso em português mesmo, ao sabor das cervejinhas que tomei e porções de calabresa na época que trabalhava na oficina. O que veio a partir daquilo foi acréscimo e aprendizado. Troquei os botecos meia sola do interior por bares e restaurantes mais requintados. Deixei de usar camisetas de bandas de rock o tempo todo para usar ternos sob medida. Entretanto, a essência continua a mesma e a fome de viver coisas novas maior ainda. 

Como já sabem... eu estava solteiro novamente e com duas mulheres ao meu dispor por assim dizer. Mas essa é apenas uma faceta duma carta do baralho da vida. Apesar de estar feliz da vida novamente, sem conviver com problemas domésticos, e levando uma vida que para alguns é fútil e superficial, essa era apenas a ponta do iceberg. O resto dos problemas e onde é o calo de cada um ninguém quer saber.   
Na minha saga obstinada por dinheiro eu estava cada dia mais estressado, jogando menos golf, bebendo quantias homéricas de Jack Daniels e fumando mais do que nunca e vez ou outra estacionando o carro a ponto de riscar a lataria. Nada louvável, mas o resultado desse tipo de vida não foge a lógica.

Certa manhã na praia, ao nascer do dia após a festa de virada de ano, lá estava eu no Rio de Janeiro, com a minha bela acompanhante gaúcha dormindo no banco de trás do meu lindo carro importado novinho e com rodas de liga leve. Acordei ainda meio entorpecido da manguaça da noite anterior e fiquei peladão, dei um mergulho e voltei para o carro e segui o meu destino rumo a Barra da Tijuca. Só que no meio do destino tinha uma caixa de sei lá o que no meio da pista... Quando fui desviar o meu precioso carrinho decolou, fez um parafuso completo, caiu de bico e espatifou-se na beirada da pista de ponta cabeça.

A vida nessas horas não passa em flashback, o que vem na sua cabeça é uma pergunta: Será que vou morrer? Pois bem, não morri, mas me quebrei todinho: braço, costelas e um pedacinho da canela e um baita corte no ombro devido um estilhaço de vidro. Quanto a minha graciosa acompanhante ela só teve ferimentos leves. Passei os primeiros dias do ano explicando com cara de tacho o acidente para parentes e amigos. Depois disso fiquei puto.
Voltei pra Sampa e fiquei algumas semanas trancado no meu apartamento. Numa espécie de retiro espiritual. Fiquei lá: jogando vídeo-game, lendo muito, bebendo, tocando guitarra, fumando e cozinhando comidas que tinha aprendido a fazer desde a época do restaurante. Solitário e acabrunhado com algo que não sabia o que era. Não estava com a menor vontade de ver ninguém, só queria me recuperar daquele acidente e voltar ao trabalho. Recusei receber qualquer pessoa naquela ocasião, ninguém entrava naquele apartamento a não ser a faxineira, enquanto eu mantinha contato com o mundo exterior por telefone ou via-email.

Num começo de noite, após ter enfiado o pé na jaca a tarde toda experimentando uma coleção de Bacardis com frutas do meu barzinho caseiro, eu acordei, chovia, peguei um Cohiba e fui baforar na varanda, olhei para a paulicéia desvairada e dei um berro. Entrei de volta no apartamento com fome e a geladeira estava vazia, no bar só tinha umas cinco garrafas de conhaque. Pedi uma pizza e mandei ver o conhaque goela abaixo.  No dia seguinte acordei com uma ressaca fortíssima e passei três dias com aquele apartamento rodando até sarar do pileque de conhaque.  


Salvo engano, era uma sexta feira, e já passava das seis da tarde, ainda tinha sol devido ao horário de verão quando acordei e não sentia mais os efeitos deletérios do conhaque. Fui até o toalete olhei para a minha cara no espelho e minha barba estava enorme, o cabelo maior ainda. Enchi a banheira de água fria e fiquei lá fumando o último charuto que restava e pensei em fazer a barba e me tornar um sujeito decente novamente.

Como não tinha nem mais comida, nem mais bebida em casa resolvi sair dar um jeito naquilo. O sol já estava se pondo e saí a pé até uma barbearia próxima e fiz barba, cabelo e bigode, peguei um táxi e fui comer num restaurante japonês e depois voltei pra casa novamente. Chegando em casa verifiquei o monte de correspondência e dei alguns telefonemas. Telefonei para Bia que estava bem dessa vez, falando de seus planos e contando as novidades sobre o nosso neném. Telefonei para o meu primeiro filho, o Quim, e combinei de pegar ele no próximo final de semana para passarmos algum tempo juntos para também discutir sobre ele ir estudar no EUA por uma temporada.  Depois telefonei para minha filha que não deu muita bola para mim, pois estava com suas amigas patricinhas experimentando roupas num shopping. Liguei para minha mãe e descobri que finalmente ela tinha terminado sua mudança para Curitiba e queria que eu cuidasse de alguns assuntos sobre condomínio e uma reforma dum galpão nos fundos da casa.

Depois disso, fiquei assistindo um filme e dormi no sofá. Sábado de manhã fui até garagem e o carro estava sem carga na bateria por ter ficado muito tempo parado. Resolvi aquilo e enchi o tanque e peguei a estrada para o Rio visitar Giuliana. Ficamos juntos, matamos a saudade e no final da tarde de domingo voltei para Sampa e resolvi dormir no apartamento de Aline. No fim das contas foi a mesma coisa que visitar a Giuliana - matei a saudade e pela manhã disse que estaria no escritório depois do almoço.

Passei a semana toda trabalhando normalmente, sem enfiar o pé na jaca, e alguns dias sem fumar, dormindo cedo. Coloquei alguns assuntos pendentes em dia no escritório e no final de semana seguinte como combinado peguei o Quim e levei ele para Curitibacomigo visitar a minha mãe. Chegando lá eu fui ver o tal galpão e achei o lugar simpático e resolvi reformar e transformar num loft. Disse para minha mãe que iria me mudar para Curitiba temporariamente devido estar de saco cheio de Sampa. Tomei essa decisão sem pensar muito e me arrependo pouco dela hoje em dia. Conversei com o Quim e propus para ele vir morar em Curitiba junto comigo por estar de saco cheio da mãe maluca dele até ele ir para o EUA no meio do ano. Fiz a mesma proposta para minha filha que também estava às voltas com a mãe dela, porém, ela demorou mais tempo para se decidir, mas acabou vindo no meio do ano com a partida de Quim.

Com essas decisões tomadas passei os finais de semana daquele mês ajeitando aquele galpão e transformando o espaço num lugar moderno e decente para se morar. Apesar de ser quase nos fundos da casa de mamãe o lugar tinha acesso independente e uma vista panorâmica para uma espécie de floresta cortada por estradas. Enquanto isso, em Sampa, deixava Aline a par de todos os negócios para que ela na minha ausência cuidasse de algumas coisas. Já com Giuliana não havia muito que combinar. Ela nunca quis sair do Rio, nem mesmo quando tinha oportunidade de algum emprego melhor, ela simplesmente disse que sempre que pudesse viria me visitar e queria que eu fizesse o mesmo.

Finalmente acabei me mudando para o Paraná de mala e cuia. Comprei um bulldog para o novo lar e novas bebidas, charutos, e retornei para a academia retomar a forma depois de semanas comendo e bebendo trancado no apartamento. Logo no primeiro dia na malhação conheci uma nutricionista, magra como todo nutricionista e dona dum sobrenome polonês quase impronunciável. Umas duas semanas depois saímos juntos, fomos numa choperia e deixei ela meio embriagada visando o bote. Passamos o final de semana juntos transando e falando sobre comida visto que ela era nutricionista e eu ex-funcionário de restaurante e a temática era essa além de sexo casual. Na segunda feira, premeditadamente mudei o horário da musculação, não queria mais ver a cara da nutricionista que por sinal era uma geladeira de pernas abertas na cama.  Ao mudar de horário mudei de coleguinhas e a professora do horário era uma moça de corpo esculpido na malhação, loira, alta, de peitos durinhos e uma bundinha que Dio mio! Aliás, tudo nela estava em cima. Passei a apostar minhas fichas nela. Carol, a professora da academia, uma típica baladeira de plantão e chegada num sexo selvagem logo foi parar num pequeno apartamento que arrumei no centro para levar as minhas conquistas curitibanas. Depois de algumas semanas com ela a rotina de pós academia era, nada mais nada menos, que levar ela para o cafofo e deleitar-se com aquele corpinho pecaminoso dela.
Entre uma visita e outra ao Rio ou Sampa para resolver negócios e passar algum tempo com Aline e Giuliana era a Carol quem era o pega da vez em Curitiba. Estava tudo ótimo na minha vida de canalha e logo iria ficar melhor ainda. Carol confessou que era bissexual e que tinha uma namorada e perguntou se eu toparia algum dia transar com as duas num ménage à trois. Não demorou muito ela apresentou a sua namorada Gabi, uma estudante de medicina de cabelos castanhos claros e assim como Carol com tudo em cima. Passamos a viver numa relação a três. No meu caso eu estava me sentindo o sultão num harém descentralizado. Estava com quatro mulheres e com certo temor de ter um baby boom se todas ao mesmo tempo resolvessem deixar de tomar a pílula do love. Mas isso pouco importava no final das contas. Eu queria mais era me esbaldar mesmo.

Os deuses do sexo pareciam ter me dado o bilhete da sorte. A minha rotina era trabalhar e transar. Quando uma ficava impedida tinha sempre outra que estava desimpedida, quando uma estava viajando ou longe, sempre havia alguma outra por perto. Estava no paraíso proibido vivendo a luxuria e fornicação em grande estilo, quantidade e qualidade.  Não tinha do que reclamar a não ser por um dia que algo ocorre de inesperado.

Giuliana resolveu vir para Curitiba passar a semana comigo e depois iria visitar seus pais no Rio Grande do Sul. Não havia nenhum problema nisso. Era só dizer para as outras duas alguma desculpa de viagem e tudo rolaria numa boa. Passei a semana com Giuliana numa boa, até que um belo dia ao sair do meu recanto pecaminoso no centro curitbano eis que encontro o meu caro pichado com letras garrafais: Safado. Pensei que pudesse ser Carol ou Gabi a ter feito aquilo, por terem descoberto a minha mentirinha funcional. Ledo engano. Apesar do constrangimento devido Giuliana ter visto aquela pichação e rompido comigo depois disso por algum tempo, descobri que a autora daquele ato de vandalismo era a nutricionista.

O zelador do prédio era camarada e tinha sacado o meu movimento no prédio e eu em contrapartida sempre o agraciava com alguma garrafa de caninha das mais finas para ele me dar cobertura. Ele havia pensado que a nutricionista era uma das duas “bis” que tinha chegado atrasado, e devido a certa semelhança física entre elas e devido a miopia dele também deixou que ela entrasse numa boa para atentar contra o meu carrinho. Isso deixou Giuliana furiosa, pois ela era a única que fazia uma certa pressão para que aquele nosso namoro de final de semana se transformasse em algo mais sério visando o altar nitidamente.  Da minha parte eu só enrolava ela até então - como continuo a enrolar até hoje - mesmo tendo prometido que no final deste ano ficaríamos noivos.

Parecia que a minha sorte com as mulheres estava mudando. Algumas semanas depois disso Gabi me liga chorando dizendo que tinha terminado com Carol por causa de mim. No começo não entendi patavina nenhuma visto que nós três estávamos numa boa. Gabi dizia que estava evitando Carol e só ficava junto com ela ultimamente quando nós três ficávamos juntos. Embora pareça complexo o fato era que Gabi era marinheira de primeira viagem nesse lance de ser lésbica e hetero ao mesmo tempo. Carol por sua vez, era da pá virada desde a adolescência e já tinha tido uma série de namoradinhas e estava escolada nesse quesito.

Carol também ficou transtornada com isso. Ela queria manter o nosso “relacionamento tridimensional” – apelido carinhoso que ela inventou para a nossa relação – mas também queria manter o seu lado lésbica com a Gabi por outro lado. Vai entender essas mulheres. Decorrente disso acabei ficando com as duas da mesma forma, mas dessa vez em separado, e isso já não tinha muita graça. Assim que Gabi pediu transferência na faculdade e deu no pé, resolvi romper com Carol também. Com isso nossos ménages à trois quase diários ficaram apenas como uma lembrança em nossas vidas.

Dado a esses fatos e acasos, acabei ficando solitário em Curitiba, mas nem tudo estava perdido. Afinal, Giuliana tinha me perdoado depois de prometer noivar com ela e Aline também mantinha-se fiel ao papai aqui.  Entretanto, eu queria mudar as coisas e uma festa em casa seria o momento ideal para tramar isso.


Festas familiares nunca foram o meu forte. Por melhores que fossem eu sempre saia delas à francesa e deixava minha mãe furiosa por não confraternizar com parentes e amigos em outros casos. A cada festa que ela organizava eu usava sempre a mesma tática: Arrumava a companhia de alguma mulher e desaparecia e só retornava no dia seguinte.

Dessa vez a coisa iria ser um pouco diferente...

Quando a secretária da minha mãe apareceu no meu escritório caseiro dizendo que seria ela quem estaria à frente dos preparativos para o noivado de minha sobrinha eu fiquei num beco sem saída. Ágata, a secretária de mamãe, tinha tudo a ver com o nome: Era mesmo uma gata, loira, alta, olhos verdes, lábios finos, tinha tudo que uma descendente de alemães pode ter de melhor. Ela era a cópia cuspida e escarrada do comportamento da minha mãe em certas ocasiões por ser muito conservadora e comedida. Mamãe tinha recrutado ela logo depois que eu me mandei de casa mor em Sampa. 

Como disse ela tinha me colocado num beco sem saída: Ela havia convidado Aline, Bia e Giuliana para a festa e me colocado numa sinuca de bico tremenda. Lidar com Aline e Giuliana que nunca tinham se encontrado antes, e que ao mesmo tempo eram as minhas amantes e namoradas me deixariam numa cilada, pois além disso, entre Bia e eu ainda havia muito sentimento recíproco e não tinha como proibir que alguma não viesse à festa.

Diante daquela situação eu tinha que bolar um plano mirabolante para que eu não fosse o estopim dum clima tenso naquela festa e colocasse tudo a perder com cada uma delas. Se isso ocorresse eu estaria frito nas garras da minha mãe sem sombra de dúvida. Daquele dia em diante eu desandei a telefonar para as duas namoradas-amantes paparicando as duas com toda lábia possível, inclusive mentindo que era eu quem estava organizando tudo. Duas semanas depois ambas estariam ali,  Bia estaria ali, aquilo seria um teste de cara pau sem igual para mim.

A primeira a chegar cinco dias antes da festa foi Aline, por um capricho do destino ela queria ter uma conversa comigo sobre o futuro dela no escritório. Ela alegava que logo que se formasse iria deixar o escritório para trabalhar em seu próprio negócio e que apesar disso gostaria de manter a relação comigo mesmo morando longe, visto que, voltaria para o nordeste. Aquilo foi a deixa que precisava para primeiro dizer que assim tão longe nós dois não teríamos futuro algum e ao mesmo tempo “joguei um verde” implorando para ela ficar na empresa, pois ela era meu braço direito por lá. No dia seguinte ela estava ainda mantendo a posição de deixar a empresa, disse que tinha pensado bem e achava que nosso relacionamento deveria terminar naquela ocasião devido a decisão dela. Mais uma vez eu encenei e insisti para ela ficar, fazendo caras e bocas de chateado com aquela decisão tomada por ela de tudo terminar, fosse relação profissional ou pessoal até certo ponto. Mesmo assim ela manteve-se firme na decisão. Convidei ela para jantar e disse que seria a última vez que ficaríamos juntos, ela aceitou e passamos uma noite inesquecível. Depois disso passei a crer que as despedidas são melhores que os primeiros encontros e reencontros.  

Dois dias antes da festa chega a gaúcha de gênio forte e temperamental, para ela eu não tinha nenhuma noção do que dizer ou encenar visando ela ficar na dela sem atrito enquanto eu fugia tanto dela e de Aline durante a festa. Por sorte, ela ficou em casa enquanto Aline ficou no apartamento, durante aquele lapso de tempo. Levei ela para jantar fiquei encenando que estava distante e distraído, logo ela começou a desconfiar de algo. Inventei que estava preocupado com festa, pois queria que tudo corresse bem, pois a família toda estaria ali e eu estava organizando tudo junto de Ágata que era dura na queda. Ela cismou com Ágata e com isso as atenções dela pareciam estar bem longe de Aline e Bia. No fim, mesmo improvisando muito, e tendo que desembolsar o pagamento da festa para tornar o meu enredo mais crível, as coisas ainda não estavam totalmente solucionadas. Faltava saber a reação de Bia.

Mesmo separado dela eu ainda fraquejava a cada vez que encontrava com ela. Ficava descontrolado só de ver ela na minha frente, tinha que me conter para não agarrar ela. Até hoje não entendo isso bem. Por sorte, ela sempre deixava tudo para o última hora e chegou em casa apenas algumas horas antes da festa começar e foi recepcionada por outras pessoas enquanto eu estava trancado no meu loft logo ao lado enchendo a cara de vodca e tentando bolar um plano para não causar confusão na festa entre elas. Certamente isso deixaria o clima tenso e chamaria a atenção. Por mais piegas que seja eu temia desagradar a coroa francesa que quando desacatada se transformava no cão.

Tudo isso não evitou uma repentina mudança de planos na última hora. Movido pela bebida e irresponsabilidade juvenil temporária, comecei a cogitar a desafiar a mim mesmo a ficar com as três durante aquela noite sem que nenhuma ficasse sabendo da outra. A ideia ousada me alimentava o ego de canalha, me fazia tramar alguma forma de realizar esse desatino. Pensei e inúmeras idéias para isso, assim como pensei em diversas combinações de gravatas com camisas e blazers para aquela noite. Nada parecia se encaixar. Estava ficando realmente embriagado quando de repente uma voz feminina do além veio na minha mente dizendo para usar terno preto, gravata preta, como se fosse uma espécie de dark knight.

Resolvido o terno, tinha pouco mais de quarenta minutos antes do jantar de noivado começar e ainda não fazia a menor idéia de como levar a cabo o meu plano calhorda de ficar com três mulheres na mesma noite. Resolvi tomar banho e assim que tirei a camiseta a idéia surgiu descrita na própria camiseta: In vino veritas. Em menos de um segundo a o plano de execução veio na mente com todos os detalhes que precisava. A voz feminina do além tinha voltado na mente e dizia em francês: “É isso mesmo mon cher!” Não era sonho, era tudo real e a adrenalina por travessuras corria nas minhas veias como se eu fosse um moleque tramando alguma safadeza nunca antes vista na face da terra.

Saí dali correndo, peguei três garrafas de malbecs dos mais finos da adega e fui até o quarto de Bia: Chegando lá ela estava ainda tomando banho e adentrei o banheiro e ela gritou e me xingou pelo susto e pela atitude intrusa, atrevimento e descaramento. Disse para ela: -- Vou deixar uma garrafa de vinho aqui para você, se depois da festa você quiser tomar comigo me ligue no celular. Ela proferiu mais xingamentos e um pequeno sermão grosseiro e logo dei no pé. Segui para o quarto de Giuliana, que estava terminando de se maquiar, ajudei ela a fechar o zíper do vestido e disse a mesma coisa que havia dito para Bia, saí dizendo que precisava me aprontar e cuidar de alguns detalhes da festa. Antes de sair ela me lascou um beijo e disse que topava tomar o vinho depois da festa em minha companhia.

Dali fui até Aline que estava na sala conversando com algumas visitas. Puxei ela num canto e disse que deixaria aquela garrafa de malbec no carro para depois sairmos e brindarmos juntos para uma despedida definitiva. Ela aparentemente achou que eu estava meio alto e desconversou e disse apenas: Vai sonhando!

Depois disso saí dali, tomei banho, me perfumei como se fosse uma noiva em noite de núpcias coloquei o terno negro que a voz feminina do além tinha ordenado e fui para o jantar de noivado com muito óleo de peroba na cara.

Na sala de jantar me posicionei estrategicamente ao lado de Paolo e sua esposa argentina, que estavam a me visitar naquela ocasião. O caprichoso destino deu seu toque e fez sentar-se a minha esquerda uma bela jovem amiga da minha sobrinha. Aquela morena parecia atriz latina de cinema, parecia-se com Eva Mendez em tudo, menos na idade, a jovem tinha apenas recém completados dezoito aninhos. Puxei assunto com ela e quando notei as outras três estavam com os olhos cravados em nós esboçando ares de fúria e indignação.

Na hora dos discursos dos noivos pedi a palavra para um discurso posterior logo após a troca de alianças para reforçar o meu papel de anfitrião elegante e atencioso. Falei improvisadamente sobre o amor e a vida plagiando poetas e alguma coisa de Shakespeare que vinha a mente soprada pela voz feminina do além que tinha ressurgido na minha cabeça que já estava a mil devido a vodca e champanhe. Todos ficaram emocionados com minhas palavras e os aplausos e flashs corriam soltos. Aquela foi a minha deixa para que saísse de cena à francesa para me esconder da vista de todos da festa até ter alguma novidade no celular. Fui para a garagem e fiquei baforando um charuto enquanto nada acontecia...

Cerca que meia hora depois Aline que havia relutado em tomar o vinho no carro sob a promessa duma nova despedida enviava mensagem dizendo que me aguardaria no carro logo depois do bolo de noivado ser servido. Momentos depois Bia telefonava repetidas vezes no meu celular e de propósito não atendia. Uma hora depois Giuliana enviava mensagens e eu mais uma vez propositalmente não respondia.

Quando percebi que o baile havia começado reapareci mais uma vez posicionado ao lado de Paolo e sua esposa. Ele disse que elas tinham perguntando sobre mim, tanto para ele como para sua esposa. Resolvi levar ele até a cozinha e contar para ele o meu plano cafajeste detalhadamente. Dava amostras da eficácia do meu plano sórdido com as provas que tinham no celular. Ele ficou rindo sem parar e parecia não acreditar, mas quando percebeu que o fato de todas três terem ido até ele e sua esposa questionar sobre o meu desaparecimento repentino ele acreditou e ficou vermelho de tanto rir.

Depois disso sumi novamente sem deixar vestígio por mais algum tempo. Giuliana furiosa enviava mensagens mandando enfiar a garrafa sabe-se lá onde. Aline mandava mensagens dizendo que estava indo para o apartamento dormir por ter cansado de esperar. Bianca, essa nem se deu ao luxo de ligar mais vezes. Sorrateiramente voltei para festa e a sósia da Eva Mendez estava dançando com outros convidados de minha sobrinha. Como nenhuma das outras estava mais na festa o local estava seguro para flertar a vontade com Viviane, a Eva Mendez de dezoito anos. Assim que consegui fazer ela fisgar a isca a convidei para dar uma volta de carro pelas ruas próximas de casa, ela aparentemente não era de recusar convites, e depois de rechaçar o primeiro convite sob pretextos tolos logo aceitou o segundo convite. 

Peguei uma garrafa de champanhe bem gelada, duas taças pequenas, e para não levantar suspeitas usei o carro de mamãe para levar ela para o passeio. Passei cerca de duas horas aos beijos e acariciando aquele corpo vulcânico de dezoito aninhos. Ela não cedeu tudo o que eu desejava, mas aqueles daquele par de seios com marquinhas de biquíni não me esquecerei tão cedo.

Depois de quase duas horas de recreação levei ela para casa. Vivi em passos de ladrão entrou na casa silenciosamente para dormir junto dos demais nos quartos de hóspedes. Eu ainda estava a mil por hora e resolvi entrar furtivamente no quarto de Giuliana, que por sorte havia deixado a porta do quarto aberta. Ela estava dormindo e não fiz nada além de dar um beijo de boa noite que fez ela acordar brevemente e me xingar de maledeto tratante. Ainda não satisfeito com isso, peguei a moto e fui até o apartamento, aquele do centro usado para ocasiões especiais e tirei uma soneca ao lado de Aline que sequer reclamou do “bolo”. Ela me deu um beijo apertado e voltou a dormir. De manhã, fiz o trajeto de volta e quando estava entrando na cozinha da casa para tomar um copo d’água eis que surge Bia reclamando que nosso filho tinha dormido mal e parecia meio febril. Ficamos conversando sobre isso um pouco e antes de voltar para o quarto ela virou-se e disse: -- Antes que eu me esqueça, o seu vinho ficou no meu quarto. - Olhei para ela sem dar resposta e ela arrematou: -- Quem sabe esta noite você realmente aparece para tomar vinho ao invés de sumir... Eu sorri, concordei; e me senti nas nuvens...

Continuemos ainda nessa manhã...

Depois de ter tido essa breve e promissora conversa com Bia, fiz um café bem forte e retornei ao meu loft tomar um demorando banho de banheira baforando charuto ao fundo de algum disco de jazz. Fiquei por ali imerso na banheira me vangloriando pela noite passada.

Passei quase uma hora naquele banho relembrando cada detalhe da noite anterior e rindo sozinho. A cada improviso de How Deep is Ocean eu me auto-congratulava por ter levado a cabo um plano tão audacioso e bem sucedido. Por mais arriscado e fútil que fosse tudo aquilo eu me sentia plenamente realizado.

Depois do banho tomado segui mais uma vez sorrateiramente para o quarto de Giuliana. Já era quase hora do almoço e tínhamos marcado de ir em algum restaurante e depois disso a levaria para o aeroporto. O almoço com ela foi entediante devido a metralhadora de perguntas sobre onde estive e com quem estive na noite anterior e porque raios tinha me sentando longe dela e perto da Eva Mendez genérica. Inventei mil e uma desculpas, mentiras e situações para manter o enredo de que eu era uma espécie de mestre de cerimônias, quando na verdade, era Ágata a comandar tudo. Giuliana mesmo desconfiada engoliu a conversa fiada e tudo voltou a normal.

Depois que ela decolou rumo ao Rio exigindo que eu fosse a visitar em breve, segui de imediato para o apartamento onde Aline, por sua vez, também estava de malas prontas para partir. Conversamos um pouco sobre a situação dela no escritório e mais uma vez servi como chofer rumo ao aeroporto. Ela simplesmente me abraçou, deu um beijo apertado novamente, virou as costas e seguiu com aquele bumbum empinado para o avião.

Voltando para a residência de mamãe fiquei o resto da tarde na piscina em companhia de parentes e amigos. Passei mais tempo dando atenção para o Ivan brincando com ele na piscina do que qualquer outra coisa. Ao cair da noite, mais um jantar em família e depois disso era só esperar a hora certa para ir até o quarto de Bia tomar aquele vinho.

Lá pelas dez e meia da noite bati a porta dela, ela logo veio atender com aquele típico roupão de estampa chinesa ou japonesa que adora usar com pantufas. O quarto dela estava gelado por conta de dois climatizadores ligados no máximo. Ela fez um gesto brincalhão de reverência para entrar nos aposentos, fez algumas piadas e foi ao toalete soltar o cabelo. Em cima da cama dela havia só papeis de negócios que ela queria me mostrar e uma taça de sorvete recém terminada. Fiquei ali fuçando aquela papelada por curiosidade enquanto ela não reaparecia. Quando ela saiu do toalete ela colocou as mãos na cintura e ordenou que eu saísse da cama, alegando em tom de humor que era indecente para uma mulher na posição dela de recém separada ter um homem na cama.

Eu até gostei daquela ordem e compreendi aquilo como algo benéfico. Apenas repliquei que eu também estava separado a pouco tempo. Acho que era isso que ela queria, pois em seguida ela insinuou que ao contrário de mim ela não recebia visitas ninguém no leito, apesar de diversos galanteios de admiradores nada secretos. Estava evidente que ela queria fazer ciúmes e arrancar de mim alguma confissão sobre meus casos, mas não caí naquele joguinho dela.

Acomodei-me num sofá e perguntei se ela estava feliz com a vida de solteira, ela fez um breve relato sobre suas sessões de psicanálise, sobre a vida numa cidade nova, casa nova, descreveu detalhadamente a decoração e depois ordenou que abrisse a garrafa de vinho. Servi vinho para ela na cama e ela me olhou furtivamente e fez algum comentário sobre o meu novo estilo penteado. Depois disso ficamos tomando vinho e conversando sobre negócios e nosso filho até que alegou estar com sono e mandou retirar-me dali. Pedi um beijo de boa noite para ela e em resposta recebi um clamoroso: Engraçadinho!  Disse que iria sonhar com ela, mas mesmo assim ela não cedeu em nada e disse: Está vendo aquela porta ali? É serventia da casa. Fui embora frustrado, mas contente em ter ficado na companhia dela sem que ninguém tivesse interrompido. Caí na cama feliz e finalmente dormi.

Na manhã seguinte Bianca partiu logo depois do café, naquela Mercedes que ela tinha comprado só para me afrontar, pois sabia que eu queria comprar uma de modelo idêntico. A rotina voltava ao normal e a festa tinha sido ótima e para mim mais ainda. 

Como naquele dia eu não estava afim de fazer nada em termos de trabalho, resolvi apenas ligar para o escritório e dar algumas recomendações. Depois disso fui acordar Maria, minha filha, para irmos juntos almoçar com Paolo que também estava de partida. Prometi ir ao shopping com Maria. Ela certamente só saiu da cama depois que prometi comprar algo para ela. Ao contrário do Quim que estava no EUA estudando, a minha relação com Maria era mais distanciada. Acho que pelo fato dela ser menina, e estar numa fase pré-adolescente e longe da mãe que havia se casado recentemente, assim como a mãe de Quim, ela se sentia mais solta morando em casa provisoriamente, ao menos até que Fabrícia terminasse de construir a casa nova ou ganhar seu filho. Fabrícia havia se casado a cerca de um ano e meio com um quarentão americano e estavam morando no Rio. Ao menos eu e Maria tínhamos algo em comum quanto a isso: Não gostávamos muito do novo marido de Fabrícia.

Almoçamos com Paolo e sua falante esposa e combinamos de fazer um tour pela costa argentina no barco que ele havia reformado para manter em forma sua vida de marinheiro. Paolo depois da morte de seu pai tinha herdado junto de sua irmã solteirona um belo patrimônio e praticamente estava aposentado depois de vender quase tudo e mudar-se para a Argentina.

Após nos despedirmos do casal, Maria me arrastou para o shopping sem pensar duas vezes. Passamos a tarde juntos comprando presentes, tomando sorvete e nos divertindo. Era a primeira vez desde que ela tinha chegado que havia uma oportunidade para um dia entre pai e filha longe de todos. Isso serviu apenas para ceder a quase todos os caprichos consumistas dela e aceitar que ela no próximo final de semana desse uma festa em casa para suas amigas, das quais incluía a filha de Ágata, que deveria ter quase a mesma idade dela. Para finalizar o dia um jantar em família fechou a agenda.

No dia seguinte chovia muito e resolvi ficar na cama um pouco mais. Dessa vez foi Maria a vir no meu quarto porque estava atrasada para o colégio e queria que desse carona para ela. Nessa ocasião ela se mostrou mais amável e menos adolescente irritante. Conversou assuntos mais sérios e até me trouxe café e arrumou a papelada que estava sobre minha escrivaninha. Como o colégio é de propriedade da minha mãe, logo que cheguei lá fiquei na secretária conversando com Ágata e Alessandra que era minha secretária e foi transferida para lá depois que se casou. Alessandra mesmo quando era noiva, dava sinais que continuava sendo a número dois depois de Aline em tudo. Quando Aline viajava ou não estava por perto era dos agrados e presteza de Alessandra que me valia no escritório. Porém, ela queria casar, e ter um homem sério ao seu lado e não um galinha como eu, conforme ela mesmo disse na minha cara. No fundo ela estava certa.

O colégio da minha mãe era o grande motivo dela ter se mudado para Curitiba. Além disso, mamãe e minha tia Charlotte tinham resolvido morar juntas. Ambas eram cópia uma da outra. Tia Charlotte era a versão loira da minha mãe a ponto de distinguir uma da outra apenas pela cor dos olhos e cabelos. No resto eram idênticas e parecia que a convivência delas com Ágata estava influenciado ela se tornar a versão mais nova delas. As três divorciadas tem como assunto preferido falar mal dos ex-maridos como se aquilo fosse um esporte que fizesse algum sentido apenas para elas. Muitas vezes as três ficam no jardim dos fundos tomando um lanche em companhia de Maria e Ingrid, e às vezes da minha irmã quando ela nos visitava. Passavam aqueles momentos falando mal de seus respectivos ex-maridos com alegria e repúdio, a cada fatia de bolo que devoram parece que alimentam ainda mais esse tipo de hábito.

Certa vez a minha irmã resolveu colocar eu e Ágata numa saia justa. Ela disse que devido ambos terem quase a mesma idade, e por estarmos separados que isso seria propício para que namorássemos, tendo em vista que no passado já tínhamos tido muita intimidade. Maria e Ingrid, nossas filhas acharam a idéia legal e endossaram a calamitosa de minha irmã. Por sinal, minha irmã nunca foi com a cara de nenhuma das minhas namoradas ou esposas, sempre que podia descarregava seu veneno contra elas sem a menor piedade. Isso muitas vezes deixava Bia na linha de fogo, que por sua vez, passou a evitar minha irmã de forma discreta por ter notado a antipatia gratuita da minha irmã com ela.

Entretanto, entre eu e Ágata a relação é diferente: Nos tornamos amigos desde que minha mãe a trouxe para ser assistente pessoal dela. Tudo que passei com ela se resumia a uma curto período de férias da faculdade. Ela passou a ser o braço direito de mamãe em tudo, ao ponto de minha mãe bancar os estudos dela e ser madrinha da filha dela a qual trata como neta. Assim que Ágata se separou de seu marido minha mãe resolveu ir para Curitiba e trazer sua pupila junto para comandar tudo. Por outro lado, a minha amizade profunda com ela começou quando estava me separando de Valéria. Era sempre com Ágata com quem desabafava e contava coisas e com o passar dos anos, devido a proximidade dela com minha mãe, logo nos tornamos grandes amigos a ponto de sermos confidentes um do outro em certas ocasiões. Nunca havia passado pela minha cabeça sequer passar uma cantada nela novamente, muito menos namorar com ela naquele momento, mesmo que ambos estivessem livres e desimpedidos.

Apesar disso o lobby da minha irmã por um possível relacionamento entre nós caiu nas graças das meninas e de tia Charlotte e mamãe com certeza.  

Como disse antes, minha filha queria dar uma festa para suas novas amigas e convidou cerca de meia dúzia delas para passarem o final de semana em casa. Naquela sexta-feira ao chegar, a  sala de visitas estava cheia de garotinhas adoráveis que me fizeram ter vontade de ter quinze anos novamente.  

Preparei para aquelas mocinhas ainda inocentes apesar de seus shortinhos curtos e provocantes uma boa e calórica lasanha ao sugo no jantar. Habitualmente todas às sextas-feiras sempre tinha algum convidado para o jantar e sempre me cabia a tarefa de preparar o menu, fazê-lo e servi-lo aos  amigos ou amigas, seja em casa ou no meu covil dos prazeres, o qual era uma espécie de  recanto do canalha gastronômico. As garotas ficaram satisfeitas com aquela lasanha no dia seguinte me escalaram para preparar o almoço delas.

Isso me fez recordar do tempo que trabalhava na cozinha daquele restaurante francês, cuja rotina fosse no almoço ou jantar seguia estritamente as ordens do chef, um francês de Dunderque que era especialista em preparar pratos da cuisine nouvelle. Vez ou outra fazia as vezes do garçom, quando faltava pessoal aos finais de semana ou dias de degustação de vinhos. Muitas vezes deixar a cozinha e servir era bom para ver as belas coroas grã-finas e enxutas que sempre frequentavam o restaurante, mas agora eu estava diante duma "clientela" de mocinhas que aos quinze anos já tinham corpos de mulheres faria Claude Troisgros exclamar sem pensar duas vezes: "Que marravilha!" caso estivesse ali no meu lugar. 

Cedinho aquela legião de beldades infanto-juvenis já estava com a corda toda na piscina, deixando à mostra a alta produção de hormônios que fazia de cada garotinha ali de biquíni uma potencial vítima para algum malandro desvirginar alguma delas sem a menor dificuldade. Isso me fazia imaginar atemorizado que em breve minha própria filha estaria sendo alvo de algum marmanjo, que assim como eu, nunca teve o menor receio de pensar no pobre do pai delas nessas horas. Como dizia o meu finado avô em tom chulo: A gente come a filha dos outros e faz filhas para os outros comerem. Essa a velha lógica que me assombrava.

Enquanto eu preparava o almoço para aquele batalhão de garotinhas semi nuas desfilando seus corpinhos na piscina, eis que de repente Ágata aparece na cozinha envolta numa canga até a altura da cintura e de biquíni como se fosse mais uma daquelas garotas em plena for da idade. Fiquei ali com a faca em punho parado sem saber se cortava a carne ou se olhava cada pedaço daquele filé mignon do mulherão a minha frente. Não consegui disfarçar a surpresa de vê-la naqueles trajes, até porque por mais que tivesse convivido e tido algo passageiro com ela; jamais tinha visto Ágata tão sensual ou de biquíni. Mesmo que ainda me recordasse das curvas do corpo dela, ver ela ali naqueles trajes de praia me deixou de queixo caído. Ela percebeu que tinha chamado a minha atenção, e tímida saiu dali apenas me questionando onde estavam mamãe e tia Charlô. Com certeza ela tinha deixado de ser aquela mocinha provocante de antes, que fazia questão insinuar-se em certas horas com toda sua exuberância. Fiquei lá na cozinha com minhas carnes e temperos pesando como as pessoas mudam... 

Após aquele momento confesso que ficou difícil pensar em comida. A imagem dela de biquíni ficou fixada na minha cabeça e toda vez que podia espiava pela janela da cozinha a piscina e flagrava ela tomando sol com aquele corpo de deusa grega. Como tinha marcado uma viagem para aquele dia não pude ficar ali admirando aquela trintona que combina com o próprio nome por ser realmente: a gata.

Depois do almoço segui para o Camboriú para uma viagem de lazer e negócios. Chegando em terras barriga vedes fui recepcionado por um colega empresário com qual fecharia um baita negócio, além de faturar a irmã dele, Bruna, a qual já conhecia de outras baladas que tinha passado por lá no verão passado. Assinado o contrato passei o resto do final de semana com aquela bela catarinense que só sabia usar mini-saias e blusas bem decotadas dando uma pequena amostra daquele corpinho sensual. De madrugada aquelas roupas iriam ser uma a uma tiradas com todo o carinho num strip na minha casa de praia, deixando todo aquele corpinho totalmente acessível para uma série de beijocas e afagos. Mesmo com aquela beldade ao lado, às vezes pensava que Ágata poderia estar ali para uma espécie de tributo ao passado. Imaginem anualmente passar um final de semana com alguma mulher do seu passado revivendo na cama os melhores momentos? Seria fantástico, desde que a mulher quisesse o mesmo é claro... Tinha esperanças que Ágata algum dia viesse a ser tentada por esse mesmo desejo.

No dia seguinte o café da manhã foi Bruna ao leite, no almoço Bruna al dente, e no jantar Bruna à milanesa nas areias da praia. Segunda-feira pela manhã deixei ela na casa dela e segui para Sampa resolver mais negócios. Em São Paulo além dos negócios eu tinha dois objetivos pessoais: Terminar definitivamente com Aline e Giuliana que estaria por lá naquela semana. Com Aline as coisas foram bem simples visto ela ter decidido sair da empresa e por já ter cogitado antes o final de nosso relacionamento pessoal. Ela simplesmente aceitou e disse que seríamos bons amigos. Com Giuliana, a qual me pressionava para noivar, tudo foi mais tenso. Ela chorou, fez cenas, mesmo eu alegando que estava interessado em outra, ela não parecia querer me deixar. Depois de algum tempo ela deu uma guinada e me acusou de ter brincado com os sentimentos dela e disse que nunca mais queria me ver novamente. Não fiquei sequer remoendo aquilo, porém creio que foi mais sensato a fazer.

Naqueles últimos dias, apesar da minha conduta nada justa com os sentimentos de uma ou de outra, o que não me saia da cabeça era uma possibilidade, mesmo que remota, de retomar a vida com Bianca. Parecia que a idéia de reatar com ela era algo que estava precisando ser processado sozinho, com calma e honestidade. Ela estava melhor emocionalmente e aparentava ter superado a depressão que tinha lhe acometido anteriormente. Mesmo depois de separados nos falávamos semanalmente e nos víamos quando visitava o Ivan. Se o meu único temor era a estabilidade emocional dela, havia claras provas que ela estava bem e que ainda restava um sentimento recíproco o qual valia a pena ser vivido de alguma forma.

Dessa vez tinha planejado pensar muito sobre o assunto antes de decidir qualquer coisa. A viagem de barco que faria com Paolo seria o momento ideal para refletir longamente sobre isso e colocar a cabeça no lugar antes de tomar qualquer atitude. Fiz as malas peguei meu violão e me mandei para Buenos Aires para uma pequena viagem de teste que Paolo faria antes da possível derradeira viagem para Ushuaia “el fin del mundo”.

Na Argentina o tempo parecia não estar a favor de nossos planos de navegação, devido ventos desencontrados e um barco que ainda necessitava de alguns ajustes. Assim que houve uma pequena mudança de vento içamos velas e passamos o primeiro dia com boas impressões sobre a embarcação. Fiquei encarregado da cozinha por ser o chef da turma. Além disso, tinha ainda que cuidar de outras coisas como manusear velas quando o vento estava forte. Paolo parecia feliz e confiante naquele veleiro e sentia que poderia chegar a Miramar rapidamente. Durante esse pequeno trajeto o vento estava a favor e os demais tripulantes pareciam ter pegado o jeito da embarcação sem muitas recomendações precisas.
Ao cair do sol daquele primeiro dia fiquei papeando com Paolo sobre a vida, sobre o barco e sobre Bianca. Paolo me incentivava a deixar de travessuras como aquela que ele tinha testemunhado para me tornar um “uomo di famiglia”. Peguei o violão e aos acordes de Carinhoso o sol se pôs enquanto pensava em Bianca com ternura.

De fato o marujo italiano tinha tato e experiência no assunto. Revelou que antes de casar estava divido entre uma bella ragazza de sua terra, que assim como ele já tinha sido traída pelo cônjuge. Contou que ele tinha certeza quase absoluta que era ela a mulher certa para aquele velho traste dos mares. Porém, havia Luana, uma bela médica argentina que estudava na Itália e tinha mexido com ele numa dessas peças que destino prega. Ao fazer o relato minucioso de que aconteceu ao conhecer a bela argentina numa manhã de caminhada habitual na praia - depois duma briga com a outra -, ambos se encontraram por acaso na praia e ficaram conversando sobre o lugar e depois a sobre vida. Luana sentia saudades de casa e Paolo estava irritado com a briga.  Sentimentos diferentes, mas que devido ao momento deixaram ambos fascinados um com outro. Perguntei como ele agiu depois disso e a resposta foi direta: “Convidei ela para tomar uma dose de Campari naquela noite, casei com ela e vim para Argentina”.

No dia seguinte a rotina de trabalhos no barco recomeçou a todo vapor, ventos fortes davam trabalho para todos tripulantes e algumas panes rápidas no sistema elétrico da embarcação geravam desconfiança. A impressão de Paolo sobre o barco tinha começado a mudar e chegar ao próximo porto para fazer uma vistoria minuciosa seria necessário. Assim que aportamos em Miramar além dos problemas elétricos, alguns dos tripulantes, inclusive eu, estávamos com uma azia terrível devido um aliche que não tinha caído bem. Passamos no médico local e constatamos que estávamos com alguma espécie intoxicação alimentar e gastrite. Quanto ao barco a pane elétrica tinha decorrido dum curto circuito que fez a cozinha e gabinetes terem um princípio de incêndio durante um teste da vistoria.

Paolo furioso e decepcionado ao mesmo tempo; abortou o resto da viagem. Pegamos um ônibus e voltamos para Buenos Aires na manhã seguinte. Chegando por lá me hospedei em Belgrano próximo a casa de Paolo e fiquei o resto da semana circulando pelo bairro conhecendo melhor o local famoso por suas lojas e bares. A noite jantava com Paolo e Luana em algum restaurante e depois fazia mais uma sessão curta de passeios até voltar para o hotel.
Na quarta-feira havia ligado para casa e minha filha disse que queria ir até Buenos Aires passear, ficou insistindo até conseguir me fazer ceder ao capricho dela. Disse que viria acompanhada de tia Charlotte que por sinal tinha dado a idéia para ela. Na sexta-feira de manhã Maria chega, mas ao invés de tia Charlotte que passou mal subitamente na tarde anterior quem veio foi Ingrid e Ágata.

Achei que aquilo fosse parte de alguma conspiração iniciada por minha irmã e levada ao extremo pela minha mãe visando que eu e Ágata de alguma forma ficássemos juntos de acordo com a suposta vontade delas. A idéia parecia esdrúxula e incoerente devido tantos anos de convivência com Ágata, sempre a tratei de modo respeitoso devido ela ser casada e ser como uma filha para minha mãe. Passei o resto do dia tentando entender aquilo de forma racional e porque raios tia Charlotte que era fã assumida de Buenos Aires não tinha realmente vindo.
Esse mistério ficava me rondando a mente sem que eu tivesse pista alguma das três que ali estavam por não notar no comportamento delas algum plano ou intenção velada, nem mesmo por ter como questionar mais detalhadamente porque foram elas que tinham vindo. A única razão que deram foi que as passagens já tinham sido compradas e seria um desperdício perdê-las.

Não restava muita opção a não ser levar elas para passearem por ali mesmo e conhecer alguns pontos turísticos. Naquela noite convidei Paolo e Luana para jantarem conosco num restaurante em Puerto Madero. Contei para Paolo sobre minhas impressões conspiratórias e ele riu dizendo que eu nunca tomaria jeito. Ele ainda questionava qual seria o problema de tentar algo com Ágata, ambos estão livres e são adultos, donos do próprio nariz, e que se fosse ele - mesmo apesar das questões não resolvidas sobre Bianca – no meu lugar que não deixaria escapar aquela sereia. Ao invés de ajudar ele tinha colocado mais dúvidas na minha cabeça repleta de maluquices.

Durante o jantar foi inevitável não ficar pensando naquilo. Passei a crer que o destino estaria querendo me dizer algo e que se eu não compreendesse ou perdesse alguma chance estaria sendo um tolo como Paolo tinha dito. Depois do jantar fomos num daqueles cabarés de tango apreciar um show. As meninas e Ágata adoraram e por sugestão de Luana na noite seguinte todos nós iríamos jantar e depois conhecer outro cabaré. Dessa vez para dançar. Paolo sentando ao meu lado, me deu uma discreta cotovelada para me chamar a atenção e disse: Amanhã você está perdido!

Pelo jeito Paolo tinha ingressado com sua esposa naquele plano conspiratório “de la hermana”. Passei a noite achando tudo aquilo coincidência demais para ser um mero acaso do destino. A idéia obsessiva de que havia algo além do aparente me fazia pensar em Ágata como nunca tinha pensado antes. Por mais que tentasse refutar a idéia tudo parecia correr contra a razão. Para piorar o meu estado de desconfiança, ao sairmos do cabaré naquela noite Ágata sentou-se ao meu lado no táxi e disse: - Sinta minhas mãos como estão geladas! As duas garotinhas sonolentas nem perceberam isso. Ao tocar naquelas mãos de seda passei a achar que além de geladas aquilo tudo era um pequeno pretexto para ficarmos por alguns minutos de mãos dadas. Por puro instinto de cara de pau segurei aquelas mãos geladinhas até o momento de desembarcar do táxi.

Ao subirmos para nossos quartos, Ágata se despediu e agradeceu pela noite e por ter aquecido suas mãos que rapidamente ficaram muito quentes, além do seu rosto vermelhinho como uma cereja. Chegando a porta do meu quarto dei meia volta, sequer coloquei a chave na fechadura. Desci para o bar do hotel e fiquei matutando sobre aquilo tudo sorvendo uma taça de vinho que reativou a azia marítima.
Pela manhã, ao descer para o desjejum, lá estava Ágata sozinha numa mesa próxima duma vidraça tomando café e observando a paisagem da praia. Sentei-me a mesa com ela, como diversas vezes já tinha ocorrido seja em casa ou em algum outro lugar, mas daquela vez tudo estava num clima diferente. Ela começou a falar sobre o que tinha visto na cidade desde que havia chegado e comentou algumas coisas sobre a noite anterior. Disse que as meninas iriam descer em breve, pois haviam se recusado a descer tomar café naquela hora. Aproveitei os momentos com elas após o café e fomos até a praia e depois aos arredores do hotel, olhando vitrines. De minha parto o mais interessante seria tentar descobrir algum indício sobre Ágata estar interessada em algo mais comigo ou não. Não tive coragem de perguntar diretamente, porém questionei, onde ela havia passado a lua de mel, se ela costumava viajar com seu ex-marido etc. Dessas coisas banais o que pude descobrir foi que o marido era um sujeito caseiro e caipira e que tinha trocado ela por uma caipira como ele assim que percebeu que ele era um fracassado e Ágata uma mulher com metas na vida.

Ao voltar para o hotel decidimos onde almoçar. Ao que aparentava aos olhos alheios, éramos uma mera família de turistas devido às garotas serem nossas filhas. O garçom ao tomar nota do pedido até perguntou o que a minha esposa iria pedir. Naquele momento as meninas e Ágata caíram na gargalhada, mas sem dar explicação ao pobre garçom. Aproveitei o momento para gracejar perguntando para ela: -- E você querida o que vai comer? Ingrid e Maria ficaram sem conter os risos mais uma vez, enquanto Ágata tomava ares de cereja novamente.

Após o almoço fomos fazer compras em algumas lojas e ao final da tarde tomamos um lanche numa confeitaria. Devoramos medias lunas e brindamos com milks-shakes o passeio. Retornamos ao hotel para nos preparar para mais um jantar e mais uma noite repleta de tango. O que me vinha à mente enquanto me barbeava era sobre eu estar perdido segundo Paolo. Comecei a achar que Paolo era uma espécie de guru do amor e que seus conselhos faziam todo sentido: Porque não permitir algo com a sereia? Digo: a gata. Afinal, ela estava divorciada a quase dois anos e sendo jovem, bonita, independente e conhecendo quem eu sou como poucas mulheres devido nossa amizade, isso tudo se tornavam pontos a favor. Se ela não demonstrava nenhum esboço de que nutria algo sobre nós a culpa não era dela; mas minha.


Passei a achar que se naquela noite eu ousasse alguma coisa naquele passeio tudo ficaria evidente. Uma simples frase, um pequeno gesto mais gentil, ou trocas de olhares poderiam ser  meios de tirar essa dúvida que me atormentava. Estava disposto a tentar seduzir Ágata ao menos naquela noite de alguma forma. Apostaria minhas fichas nos momentos que ficasse mais próximo dela e não hesitaria em fazer elogios e flertar com ela. Se ela correspondesse eu teria um sinal, se ela baixasse a guarda, ou dissesse algo aprovando ou desaprovando tudo estaria nítido com solar clareza.       


Assim que Ágata apareceu elegantemente trajada com um vestido negro e sapatos negros, aquela pele alva parecia emoldurada pelas linhas negras dos trajes e quando ela se aproximou fiz questão de beijar-lhe o rosto e dizer o quanto ela estava deslumbrante. O momento foi perfeito, pois as meninas estavam como sempre atrasadas e assim fiquei alguns minutos a sós com Ágata que como sempre ficava corada.

Durante o jantar fiz questão de me sentar ao lado dela e deixar as duas garotas bem a nossa frente. Maria e Ingrid seriam um bom termômetro para avaliar as reações de Ágata ao meu lado. Fiz questão de motivar as meninas a contarem o episódio do garçom e ficar atento as reações de Ágata. Ela e Luana olharam uma para outra e Luana ergueu as sobrancelhas e conteve um sorriso entre uma garfada e outra. Aquilo parecia um sinal de que ambas nessas idas ao toalete poderiam ter conversado algo. Logo que tive oportunidade de falar com Paolo em particular perguntei se ele sabia de alguma conversa entre elas sobre o assunto. Ele após um breve suspense disse fez cara de gaiato de soltou um cômico: Niente bosta cosi!

Terminado o jantar rumo ao cabaré de tango perguntei para Ágata se suas mãos estavam geladas naquela noite. Ela colocou delicadamente as costas de suas as mãos macias e perfumadas no meu rosto para sentir. Julguei aquilo como mais um ponto no placar devido ela sempre ser discreta e séria em qualquer ocasião, até mesmo em momentos informais.  Ao chegar no cabaré repeti a disposição da mesa novamente. Chamei Maria para tentar alguns passos de tango enquanto Paolo e Luana faziam companhia para Ágata e Ingrid. Voltei para mesa e disse que era a vez de Paolo mostrar o que tinha aprendido em sua temporada argentina. Luana teve que arrastá-lo para a pista de dança enquanto isso pedi champanhe e enchi a taça da Ágata.

Quando Paolo e Luana retornaram conversamos um pouco e dessa vez convidei Ingrid para tentar dançar tango, ela relutou por ser tímida em demasia e disse para levar sua mãe para pista. Ágata tal como a filha tímida relutou, mas depois que Luana elogiou seu vestido dizendo que ela parecia uma perfeita dançarina de tango apenas faltando uma rosa no cabelo ela cedeu e fomos para a pista.            

A penumbra da pista de dança era um ambiente perfeito para levar Ágata para o lado oposto da pista longe da mesa em algum momento da música e fazer algo mais. Assim que a orquestra tocou a primeira nota de violino e bandoneon peguei firme na mão dela e em sua cintura e dei um leve puxão em direção ao meu peito e ficamos quase de rosto colado. Senti o corpo dela esquentar e olhei sua face de cerejinha e ela olhou nos meus olhos e sorriu. Disse ao ouvido dela algumas instruções de dança e para tentar me seguir com calma que a conduziria. No meio da música, levei ela para o local que queria na pista, aproximei o nariz entre o ombro e pescoço dela perguntei qual o perfume que ela usava depois duma suave inspiração. Novamente o corpo dela aqueceu e estremeceu um pouco. Gaguejando um pouco ela disse a marca do perfume no meu ouvido. Ao final da música ela estava corada mais do que nunca e olhos nos olhos sorrimos um para outro e ela graciosamente linda como se fosse um anjo disse apenas: Nossa que delícia!

Ao voltar para a mesa recebemos os elogios de todos e depois disso dançamos por mais três vezes. A cada nova dança Ágata ficava mais solta e com menos feições de cereja, mas ficava sempre com seu corpo quente em minhas mãos a cada toque mais ousado e inesperado durante a dança. Enquanto isso, Maria e Ingrid pareciam se divertir recebendo convites de alguns marmanjos mais ou menos da idade delas para dançar aceitando todos eles.

A noite tinha sido perfeita e Paolo ao de despedir disse: Eu falei que você estava perdido meu amigo! Voltamos para o hotel e Ágata ao se despedir dando boa noite sorriu docemente e me beijou o rosto. Entrei no meu quarto tal como um garoto após o baile de formatura como nos filmes. O sono não vinha e quando me dei conta estava na varanda fumando um cigarro e pensando em cada passo de tango dado com Ágata.

No dia seguinte voltaríamos juntos para casa...

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