Confesso que
nunca fui um exemplo de santidade e muito menos um sujeito revoltado com certas
coisas que transformam a vida humana num monte de ressentimentos e mágoas.
Sempre fui mulherengo e considero o ato de flertar e conquistar mulheres um
esporte o qual me considero atualmente um atleta já veterano.
Mulheres
sempre fizeram parte do meu dia-a-dia desde da infância. Desde duma empregada
de shortinhos até uma professora conservadora, porém tesuda, no colégio sempre
me motivaram a apreciar a espécie feminina com muita devoção. Passei
basicamente a vida toda procurando a mulher que fosse capaz de me fazer
apaixonar-me perdidamente por ela e fazer esquecer rabos de saia. Quase
consegui realizar isso quando me casei com Bia, mas o destino parece ter me
trazido mais uma vez bons motivos para sucumbir à carne fraca e luxúria.
Aos vinte
oito anos de idade eu já era um cara rodado, ou como diria Jimmy Hendrix eu
tinha “experience”... Viajei quase o mundo todo e conheci lugares e pessoas
fantásticas por mais banais e superficiais que fossem para elas mesmas.
Com essa idade eu tinha a minha grana, mandava no meu próprio nariz e tinha em
minhas mãos pequenos poderes que fazem mulheres difíceis ficarem fáceis e as
fáceis mais fáceis ainda. Não tinha deixado ainda o jeito moleque e dado
a certas travessuras – ainda não deixei – porém sabia conciliar
responsabilidades com a diversão. Sabia de cor e salteado que a vida é
dura e que às vezes tudo dá errado, mas que isso não é motivo para perder a fé
e alegria. Afinal de contas, se todas as rosas fossem vermelhas tivessem o
mesmo perfume do que valeria serem rosas? Era isso que dizia algum escritor
quando se referiu a vida como uma série de novas experiências a serem vividas e
outras para serem suplantadas.
A senhora
minha mãe, apesar de toda sua postura elegante e conservadora francesa tinha
deixado bem claro para todos seus filhos uma coisa: A vida é curta. Embora isso
soe melhor em francês, prefiro dizer isso em português mesmo, ao sabor das
cervejinhas que tomei e porções de calabresa na época que trabalhava na
oficina. O que veio a partir daquilo foi acréscimo e aprendizado. Troquei os
botecos meia sola do interior por bares e restaurantes mais requintados. Deixei
de usar camisetas de bandas de rock o tempo todo para usar ternos sob medida.
Entretanto, a essência continua a mesma e a fome de viver coisas novas maior
ainda.
Como já
sabem... eu estava solteiro novamente e com duas mulheres ao meu dispor por
assim dizer. Mas essa é apenas uma faceta duma carta do baralho da vida. Apesar
de estar feliz da vida novamente, sem conviver com problemas domésticos, e
levando uma vida que para alguns é fútil e superficial, essa era apenas a ponta
do iceberg. O resto dos problemas e onde é o calo de cada um ninguém quer
saber.
Na minha
saga obstinada por dinheiro eu estava cada dia mais estressado, jogando menos
golf, bebendo quantias homéricas de Jack Daniels e fumando mais do que nunca e
vez ou outra estacionando o carro a ponto de riscar a lataria. Nada louvável,
mas o resultado desse tipo de vida não foge a lógica.
Certa manhã
na praia, ao nascer do dia após a festa de virada de ano, lá estava eu no Rio
de Janeiro, com a minha bela acompanhante gaúcha dormindo no banco de trás do
meu lindo carro importado novinho e com rodas de liga leve. Acordei ainda meio
entorpecido da manguaça da noite anterior e fiquei peladão, dei um mergulho e
voltei para o carro e segui o meu destino rumo a Barra da Tijuca. Só que no
meio do destino tinha uma caixa de sei lá o que no meio da pista... Quando fui
desviar o meu precioso carrinho decolou, fez um parafuso completo, caiu de bico
e espatifou-se na beirada da pista de ponta cabeça.
A vida
nessas horas não passa em flashback, o que vem na sua cabeça é uma pergunta:
Será que vou morrer? Pois bem, não morri, mas me quebrei todinho: braço,
costelas e um pedacinho da canela e um baita corte no ombro devido um estilhaço
de vidro. Quanto a minha graciosa acompanhante ela só teve ferimentos leves.
Passei os primeiros dias do ano explicando com cara de tacho o acidente para
parentes e amigos. Depois disso fiquei puto.
Voltei pra
Sampa e fiquei algumas semanas trancado no meu apartamento. Numa espécie de
retiro espiritual. Fiquei lá: jogando vídeo-game, lendo muito, bebendo, tocando
guitarra, fumando e cozinhando comidas que tinha aprendido a fazer desde a
época do restaurante. Solitário e acabrunhado com algo que não sabia o que era.
Não estava com a menor vontade de ver ninguém, só queria me recuperar daquele
acidente e voltar ao trabalho. Recusei receber qualquer pessoa naquela ocasião,
ninguém entrava naquele apartamento a não ser a faxineira, enquanto eu mantinha
contato com o mundo exterior por telefone ou via-email.
Num começo
de noite, após ter enfiado o pé na jaca a tarde toda experimentando uma coleção
de Bacardis com frutas do meu barzinho caseiro, eu acordei, chovia, peguei um
Cohiba e fui baforar na varanda, olhei para a paulicéia desvairada e dei um
berro. Entrei de volta no apartamento com fome e a geladeira estava vazia, no
bar só tinha umas cinco garrafas de conhaque. Pedi uma pizza e mandei ver o
conhaque goela abaixo. No dia seguinte acordei com uma ressaca fortíssima
e passei três dias com aquele apartamento rodando até sarar do pileque de
conhaque.
Salvo
engano, era uma sexta feira, e já passava das seis da tarde, ainda tinha sol
devido ao horário de verão quando acordei e não sentia mais os efeitos
deletérios do conhaque. Fui até o toalete olhei para a minha cara no espelho e
minha barba estava enorme, o cabelo maior ainda. Enchi a banheira de água fria
e fiquei lá fumando o último charuto que restava e pensei em fazer a barba e me
tornar um sujeito decente novamente.
Como não
tinha nem mais comida, nem mais bebida em casa resolvi sair dar um jeito
naquilo. O sol já estava se pondo e saí a pé até uma barbearia próxima e fiz
barba, cabelo e bigode, peguei um táxi e fui comer num restaurante japonês e
depois voltei pra casa novamente. Chegando em casa verifiquei o monte de
correspondência e dei alguns telefonemas. Telefonei para Bia que estava bem
dessa vez, falando de seus planos e contando as novidades sobre o nosso neném.
Telefonei para o meu primeiro filho, o Quim, e combinei de pegar ele no próximo
final de semana para passarmos algum tempo juntos para também discutir sobre
ele ir estudar no EUA por uma temporada. Depois telefonei para minha
filha que não deu muita bola para mim, pois estava com suas amigas patricinhas
experimentando roupas num shopping. Liguei para minha mãe e descobri que
finalmente ela tinha terminado sua mudança para Curitiba e queria que eu
cuidasse de alguns assuntos sobre condomínio e uma reforma dum galpão nos
fundos da casa.
Depois
disso, fiquei assistindo um filme e dormi no sofá. Sábado de manhã fui até
garagem e o carro estava sem carga na bateria por ter ficado muito tempo
parado. Resolvi aquilo e enchi o tanque e peguei a estrada para o Rio visitar
Giuliana. Ficamos juntos, matamos a saudade e no final da tarde de domingo
voltei para Sampa e resolvi dormir no apartamento de Aline. No fim das contas
foi a mesma coisa que visitar a Giuliana - matei a saudade e pela manhã disse
que estaria no escritório depois do almoço.
Passei a
semana toda trabalhando normalmente, sem enfiar o pé na jaca, e alguns dias sem
fumar, dormindo cedo. Coloquei alguns assuntos pendentes em dia no escritório e
no final de semana seguinte como combinado peguei o Quim e levei ele para
Curitibacomigo visitar a minha mãe. Chegando lá eu fui ver o tal galpão e achei
o lugar simpático e resolvi reformar e transformar num loft. Disse para minha
mãe que iria me mudar para Curitiba temporariamente devido estar de saco cheio
de Sampa. Tomei essa decisão sem pensar muito e me arrependo pouco dela hoje em
dia. Conversei com o Quim e propus para ele vir morar em Curitiba junto comigo
por estar de saco cheio da mãe maluca dele até ele ir para o EUA no meio do
ano. Fiz a mesma proposta para minha filha que também estava às voltas com a
mãe dela, porém, ela demorou mais tempo para se decidir, mas acabou vindo no
meio do ano com a partida de Quim.
Com essas
decisões tomadas passei os finais de semana daquele mês ajeitando aquele galpão
e transformando o espaço num lugar moderno e decente para se morar. Apesar de
ser quase nos fundos da casa de mamãe o lugar tinha acesso independente e uma
vista panorâmica para uma espécie de floresta cortada por estradas. Enquanto
isso, em Sampa, deixava Aline a par de todos os negócios para que ela na minha
ausência cuidasse de algumas coisas. Já com Giuliana não havia muito que
combinar. Ela nunca quis sair do Rio, nem mesmo quando tinha oportunidade de
algum emprego melhor, ela simplesmente disse que sempre que pudesse viria me
visitar e queria que eu fizesse o mesmo.
Finalmente
acabei me mudando para o Paraná de mala e cuia. Comprei um bulldog para o novo
lar e novas bebidas, charutos, e retornei para a academia retomar a forma
depois de semanas comendo e bebendo trancado no apartamento. Logo no primeiro
dia na malhação conheci uma nutricionista, magra como todo nutricionista e dona
dum sobrenome polonês quase impronunciável. Umas duas semanas depois saímos
juntos, fomos numa choperia e deixei ela meio embriagada visando o bote.
Passamos o final de semana juntos transando e falando sobre comida visto que
ela era nutricionista e eu ex-funcionário de restaurante e a temática era essa
além de sexo casual. Na segunda feira, premeditadamente mudei o horário da
musculação, não queria mais ver a cara da nutricionista que por sinal era uma
geladeira de pernas abertas na cama. Ao mudar de horário mudei de
coleguinhas e a professora do horário era uma moça de corpo esculpido na
malhação, loira, alta, de peitos durinhos e uma bundinha que Dio mio! Aliás,
tudo nela estava em cima. Passei a apostar minhas fichas nela. Carol, a
professora da academia, uma típica baladeira de plantão e chegada num sexo
selvagem logo foi parar num pequeno apartamento que arrumei no centro para
levar as minhas conquistas curitibanas. Depois de algumas semanas com ela a
rotina de pós academia era, nada mais nada menos, que levar ela para o cafofo e
deleitar-se com aquele corpinho pecaminoso dela.
Entre uma
visita e outra ao Rio ou Sampa para resolver negócios e passar algum tempo com
Aline e Giuliana era a Carol quem era o pega da vez em Curitiba. Estava tudo
ótimo na minha vida de canalha e logo iria ficar melhor ainda. Carol confessou
que era bissexual e que tinha uma namorada e perguntou se eu toparia algum dia
transar com as duas num ménage à trois. Não demorou muito ela apresentou a sua
namorada Gabi, uma estudante de medicina de cabelos castanhos claros e assim
como Carol com tudo em cima. Passamos a viver numa relação a três. No meu caso
eu estava me sentindo o sultão num harém descentralizado. Estava com quatro
mulheres e com certo temor de ter um baby boom se todas ao mesmo tempo
resolvessem deixar de tomar a pílula do love. Mas isso pouco importava no final
das contas. Eu queria mais era me esbaldar mesmo.
Os deuses do
sexo pareciam ter me dado o bilhete da sorte. A minha rotina era trabalhar e
transar. Quando uma ficava impedida tinha sempre outra que estava desimpedida,
quando uma estava viajando ou longe, sempre havia alguma outra por perto.
Estava no paraíso proibido vivendo a luxuria e fornicação em grande estilo,
quantidade e qualidade. Não tinha do que reclamar a não ser por um dia
que algo ocorre de inesperado.
Giuliana
resolveu vir para Curitiba passar a semana comigo e depois iria visitar seus
pais no Rio Grande do Sul. Não havia nenhum problema nisso. Era só dizer para
as outras duas alguma desculpa de viagem e tudo rolaria numa boa. Passei a
semana com Giuliana numa boa, até que um belo dia ao sair do meu recanto pecaminoso
no centro curitbano eis que encontro o meu caro pichado com letras garrafais:
Safado. Pensei que pudesse ser Carol ou Gabi a ter feito aquilo, por terem
descoberto a minha mentirinha funcional. Ledo engano. Apesar do constrangimento
devido Giuliana ter visto aquela pichação e rompido comigo depois disso por
algum tempo, descobri que a autora daquele ato de vandalismo era a
nutricionista.
O zelador do
prédio era camarada e tinha sacado o meu movimento no prédio e eu em
contrapartida sempre o agraciava com alguma garrafa de caninha das mais finas
para ele me dar cobertura. Ele havia pensado que a nutricionista era uma das
duas “bis” que tinha chegado atrasado, e devido a certa semelhança física entre
elas e devido a miopia dele também deixou que ela entrasse numa boa para
atentar contra o meu carrinho. Isso deixou Giuliana furiosa, pois ela era a
única que fazia uma certa pressão para que aquele nosso namoro de final de
semana se transformasse em algo mais sério visando o altar nitidamente. Da
minha parte eu só enrolava ela até então - como continuo a enrolar até hoje -
mesmo tendo prometido que no final deste ano ficaríamos noivos.
Parecia que
a minha sorte com as mulheres estava mudando. Algumas semanas depois disso Gabi
me liga chorando dizendo que tinha terminado com Carol por causa de mim. No
começo não entendi patavina nenhuma visto que nós três estávamos numa boa. Gabi
dizia que estava evitando Carol e só ficava junto com ela ultimamente quando
nós três ficávamos juntos. Embora pareça complexo o fato era que Gabi era
marinheira de primeira viagem nesse lance de ser lésbica e hetero ao mesmo
tempo. Carol por sua vez, era da pá virada desde a adolescência e já tinha tido
uma série de namoradinhas e estava escolada nesse quesito.
Carol também
ficou transtornada com isso. Ela queria manter o nosso “relacionamento
tridimensional” – apelido carinhoso que ela inventou para a nossa relação – mas
também queria manter o seu lado lésbica com a Gabi por outro lado. Vai entender
essas mulheres. Decorrente disso acabei ficando com as duas da mesma forma, mas
dessa vez em separado, e isso já não tinha muita graça. Assim que Gabi pediu
transferência na faculdade e deu no pé, resolvi romper com Carol também. Com
isso nossos ménages à trois quase diários ficaram apenas como uma lembrança em
nossas vidas.
Dado a esses
fatos e acasos, acabei ficando solitário em Curitiba, mas nem tudo estava
perdido. Afinal, Giuliana tinha me perdoado depois de prometer noivar com ela e
Aline também mantinha-se fiel ao papai aqui. Entretanto, eu queria mudar
as coisas e uma festa em casa seria o momento ideal para tramar isso.
Festas
familiares nunca foram o meu forte. Por melhores que fossem eu sempre saia
delas à francesa e deixava minha mãe furiosa por não confraternizar com
parentes e amigos em outros casos. A cada festa que ela organizava eu usava
sempre a mesma tática: Arrumava a companhia de alguma mulher e desaparecia e só
retornava no dia seguinte.
Dessa vez a
coisa iria ser um pouco diferente...
Quando a
secretária da minha mãe apareceu no meu escritório caseiro dizendo que seria
ela quem estaria à frente dos preparativos para o noivado de minha sobrinha eu
fiquei num beco sem saída. Ágata, a secretária de mamãe, tinha tudo a ver com o
nome: Era mesmo uma gata, loira, alta, olhos verdes, lábios finos, tinha tudo
que uma descendente de alemães pode ter de melhor. Ela era a cópia cuspida e
escarrada do comportamento da minha mãe em certas ocasiões por ser muito
conservadora e comedida. Mamãe tinha recrutado ela logo depois que eu me mandei
de casa mor em Sampa.
Como disse
ela tinha me colocado num beco sem saída: Ela havia convidado Aline, Bia e
Giuliana para a festa e me colocado numa sinuca de bico tremenda. Lidar com
Aline e Giuliana que nunca tinham se encontrado antes, e que ao mesmo tempo
eram as minhas amantes e namoradas me deixariam numa cilada, pois além disso,
entre Bia e eu ainda havia muito sentimento recíproco e não tinha como proibir
que alguma não viesse à festa.
Diante
daquela situação eu tinha que bolar um plano mirabolante para que eu não fosse
o estopim dum clima tenso naquela festa e colocasse tudo a perder com cada uma
delas. Se isso ocorresse eu estaria frito nas garras da minha mãe sem sombra de
dúvida. Daquele dia em diante eu desandei a telefonar para as duas namoradas-amantes
paparicando as duas com toda lábia possível, inclusive mentindo que era eu quem
estava organizando tudo. Duas semanas depois ambas estariam ali, Bia
estaria ali, aquilo seria um teste de cara pau sem igual para mim.
A primeira a
chegar cinco dias antes da festa foi Aline, por um capricho do destino ela
queria ter uma conversa comigo sobre o futuro dela no escritório. Ela alegava
que logo que se formasse iria deixar o escritório para trabalhar em seu próprio
negócio e que apesar disso gostaria de manter a relação comigo mesmo morando
longe, visto que, voltaria para o nordeste. Aquilo foi a deixa que precisava
para primeiro dizer que assim tão longe nós dois não teríamos futuro algum e ao
mesmo tempo “joguei um verde” implorando para ela ficar na empresa, pois ela
era meu braço direito por lá. No dia seguinte ela estava ainda mantendo a
posição de deixar a empresa, disse que tinha pensado bem e achava que nosso
relacionamento deveria terminar naquela ocasião devido a decisão dela. Mais uma
vez eu encenei e insisti para ela ficar, fazendo caras e bocas de chateado com
aquela decisão tomada por ela de tudo terminar, fosse relação profissional ou
pessoal até certo ponto. Mesmo assim ela manteve-se firme na decisão. Convidei
ela para jantar e disse que seria a última vez que ficaríamos juntos, ela
aceitou e passamos uma noite inesquecível. Depois disso passei a crer que as
despedidas são melhores que os primeiros encontros e reencontros.
Dois dias
antes da festa chega a gaúcha de gênio forte e temperamental, para ela eu não
tinha nenhuma noção do que dizer ou encenar visando ela ficar na dela sem
atrito enquanto eu fugia tanto dela e de Aline durante a festa. Por sorte, ela
ficou em casa enquanto Aline ficou no apartamento, durante aquele lapso de
tempo. Levei ela para jantar fiquei encenando que estava distante e distraído,
logo ela começou a desconfiar de algo. Inventei que estava preocupado com
festa, pois queria que tudo corresse bem, pois a família toda estaria ali e eu
estava organizando tudo junto de Ágata que era dura na queda. Ela cismou com
Ágata e com isso as atenções dela pareciam estar bem longe de Aline e Bia. No
fim, mesmo improvisando muito, e tendo que desembolsar o pagamento da festa
para tornar o meu enredo mais crível, as coisas ainda não estavam totalmente
solucionadas. Faltava saber a reação de Bia.
Mesmo
separado dela eu ainda fraquejava a cada vez que encontrava com ela. Ficava
descontrolado só de ver ela na minha frente, tinha que me conter para não
agarrar ela. Até hoje não entendo isso bem. Por sorte, ela sempre deixava tudo
para o última hora e chegou em casa apenas algumas horas antes da festa começar
e foi recepcionada por outras pessoas enquanto eu estava trancado no meu loft
logo ao lado enchendo a cara de vodca e tentando bolar um plano para não causar
confusão na festa entre elas. Certamente isso deixaria o clima tenso e chamaria
a atenção. Por mais piegas que seja eu temia desagradar a coroa francesa que
quando desacatada se transformava no cão.
Tudo isso
não evitou uma repentina mudança de planos na última hora. Movido pela bebida e
irresponsabilidade juvenil temporária, comecei a cogitar a desafiar a mim mesmo
a ficar com as três durante aquela noite sem que nenhuma ficasse sabendo da
outra. A ideia ousada me alimentava o ego de canalha, me fazia tramar alguma
forma de realizar esse desatino. Pensei e inúmeras idéias para isso, assim como
pensei em diversas combinações de gravatas com camisas e blazers para aquela
noite. Nada parecia se encaixar. Estava ficando realmente embriagado quando de
repente uma voz feminina do além veio na minha mente dizendo para usar terno
preto, gravata preta, como se fosse uma espécie de dark knight.
Resolvido o
terno, tinha pouco mais de quarenta minutos antes do jantar de noivado começar
e ainda não fazia a menor idéia de como levar a cabo o meu plano calhorda de
ficar com três mulheres na mesma noite. Resolvi tomar banho e assim que tirei a
camiseta a idéia surgiu descrita na própria camiseta: In vino veritas. Em menos
de um segundo a o plano de execução veio na mente com todos os detalhes que
precisava. A voz feminina do além tinha voltado na mente e dizia em francês: “É
isso mesmo mon cher!” Não era sonho, era tudo real e a adrenalina por
travessuras corria nas minhas veias como se eu fosse um moleque tramando alguma
safadeza nunca antes vista na face da terra.
Saí dali
correndo, peguei três garrafas de malbecs dos mais finos da adega e fui até o
quarto de Bia: Chegando lá ela estava ainda tomando banho e adentrei o banheiro
e ela gritou e me xingou pelo susto e pela atitude intrusa, atrevimento e
descaramento. Disse para ela: -- Vou deixar uma garrafa de vinho aqui para
você, se depois da festa você quiser tomar comigo me ligue no celular. Ela
proferiu mais xingamentos e um pequeno sermão grosseiro e logo dei no pé. Segui
para o quarto de Giuliana, que estava terminando de se maquiar, ajudei ela a
fechar o zíper do vestido e disse a mesma coisa que havia dito para Bia, saí
dizendo que precisava me aprontar e cuidar de alguns detalhes da festa. Antes
de sair ela me lascou um beijo e disse que topava tomar o vinho depois da festa
em minha companhia.
Dali fui até
Aline que estava na sala conversando com algumas visitas. Puxei ela num canto e
disse que deixaria aquela garrafa de malbec no carro para depois sairmos e
brindarmos juntos para uma despedida definitiva. Ela aparentemente achou que eu
estava meio alto e desconversou e disse apenas: Vai sonhando!
Depois disso
saí dali, tomei banho, me perfumei como se fosse uma noiva em noite de núpcias
coloquei o terno negro que a voz feminina do além tinha ordenado e fui para o
jantar de noivado com muito óleo de peroba na cara.
Na sala de
jantar me posicionei estrategicamente ao lado de Paolo e sua esposa argentina,
que estavam a me visitar naquela ocasião. O caprichoso destino deu seu toque e
fez sentar-se a minha esquerda uma bela jovem amiga da minha sobrinha. Aquela
morena parecia atriz latina de cinema, parecia-se com Eva Mendez em tudo, menos
na idade, a jovem tinha apenas recém completados dezoito aninhos. Puxei assunto
com ela e quando notei as outras três estavam com os olhos cravados em nós
esboçando ares de fúria e indignação.
Na hora dos
discursos dos noivos pedi a palavra para um discurso posterior logo após a
troca de alianças para reforçar o meu papel de anfitrião elegante e atencioso.
Falei improvisadamente sobre o amor e a vida plagiando poetas e alguma coisa de
Shakespeare que vinha a mente soprada pela voz feminina do além que tinha
ressurgido na minha cabeça que já estava a mil devido a vodca e champanhe.
Todos ficaram emocionados com minhas palavras e os aplausos e flashs corriam
soltos. Aquela foi a minha deixa para que saísse de cena à francesa para me
esconder da vista de todos da festa até ter alguma novidade no celular. Fui
para a garagem e fiquei baforando um charuto enquanto nada acontecia...
Cerca que
meia hora depois Aline que havia relutado em tomar o vinho no carro sob a
promessa duma nova despedida enviava mensagem dizendo que me aguardaria no
carro logo depois do bolo de noivado ser servido. Momentos depois Bia
telefonava repetidas vezes no meu celular e de propósito não atendia. Uma hora
depois Giuliana enviava mensagens e eu mais uma vez propositalmente não
respondia.
Quando
percebi que o baile havia começado reapareci mais uma vez posicionado ao lado
de Paolo e sua esposa. Ele disse que elas tinham perguntando sobre mim, tanto
para ele como para sua esposa. Resolvi levar ele até a cozinha e contar para
ele o meu plano cafajeste detalhadamente. Dava amostras da eficácia do meu
plano sórdido com as provas que tinham no celular. Ele ficou rindo sem parar e
parecia não acreditar, mas quando percebeu que o fato de todas três terem ido
até ele e sua esposa questionar sobre o meu desaparecimento repentino ele
acreditou e ficou vermelho de tanto rir.
Depois disso
sumi novamente sem deixar vestígio por mais algum tempo. Giuliana furiosa
enviava mensagens mandando enfiar a garrafa sabe-se lá onde. Aline mandava
mensagens dizendo que estava indo para o apartamento dormir por ter cansado de
esperar. Bianca, essa nem se deu ao luxo de ligar mais vezes. Sorrateiramente
voltei para festa e a sósia da Eva Mendez estava dançando com outros convidados
de minha sobrinha. Como nenhuma das outras estava mais na festa o local estava
seguro para flertar a vontade com Viviane, a Eva Mendez de dezoito anos. Assim
que consegui fazer ela fisgar a isca a convidei para dar uma volta de carro
pelas ruas próximas de casa, ela aparentemente não era de recusar convites, e
depois de rechaçar o primeiro convite sob pretextos tolos logo aceitou o
segundo convite.
Peguei uma
garrafa de champanhe bem gelada, duas taças pequenas, e para não levantar
suspeitas usei o carro de mamãe para levar ela para o passeio. Passei cerca de
duas horas aos beijos e acariciando aquele corpo vulcânico de dezoito aninhos.
Ela não cedeu tudo o que eu desejava, mas aqueles daquele par de seios com
marquinhas de biquíni não me esquecerei tão cedo.
Depois de
quase duas horas de recreação levei ela para casa. Vivi em passos de ladrão
entrou na casa silenciosamente para dormir junto dos demais nos quartos de
hóspedes. Eu ainda estava a mil por hora e resolvi entrar furtivamente no
quarto de Giuliana, que por sorte havia deixado a porta do quarto aberta. Ela
estava dormindo e não fiz nada além de dar um beijo de boa noite que fez ela
acordar brevemente e me xingar de maledeto tratante. Ainda não satisfeito com
isso, peguei a moto e fui até o apartamento, aquele do centro usado para
ocasiões especiais e tirei uma soneca ao lado de Aline que sequer reclamou do
“bolo”. Ela me deu um beijo apertado e voltou a dormir. De manhã, fiz o trajeto
de volta e quando estava entrando na cozinha da casa para tomar um copo d’água
eis que surge Bia reclamando que nosso filho tinha dormido mal e parecia meio
febril. Ficamos conversando sobre isso um pouco e antes de voltar para o quarto
ela virou-se e disse: -- Antes que eu me esqueça, o seu vinho ficou no meu
quarto. - Olhei para ela sem dar resposta e ela arrematou: -- Quem sabe esta
noite você realmente aparece para tomar vinho ao invés de sumir... Eu sorri,
concordei; e me senti nas nuvens...
Continuemos
ainda nessa manhã...
Depois de
ter tido essa breve e promissora conversa com Bia, fiz um café bem forte e
retornei ao meu loft tomar um demorando banho de banheira baforando charuto ao
fundo de algum disco de jazz. Fiquei por ali imerso na banheira me vangloriando
pela noite passada.
Passei quase
uma hora naquele banho relembrando cada detalhe da noite anterior e rindo sozinho.
A cada improviso de How Deep is Ocean eu me auto-congratulava por ter levado a
cabo um plano tão audacioso e bem sucedido. Por mais arriscado e fútil que
fosse tudo aquilo eu me sentia plenamente realizado.
Depois do
banho tomado segui mais uma vez sorrateiramente para o quarto de Giuliana. Já
era quase hora do almoço e tínhamos marcado de ir em algum restaurante e depois
disso a levaria para o aeroporto. O almoço com ela foi entediante devido a
metralhadora de perguntas sobre onde estive e com quem estive na noite anterior
e porque raios tinha me sentando longe dela e perto da Eva Mendez genérica.
Inventei mil e uma desculpas, mentiras e situações para manter o enredo de que
eu era uma espécie de mestre de cerimônias, quando na verdade, era Ágata a
comandar tudo. Giuliana mesmo desconfiada engoliu a conversa fiada e tudo
voltou a normal.
Depois que
ela decolou rumo ao Rio exigindo que eu fosse a visitar em breve, segui de
imediato para o apartamento onde Aline, por sua vez, também estava de malas
prontas para partir. Conversamos um pouco sobre a situação dela no escritório e
mais uma vez servi como chofer rumo ao aeroporto. Ela simplesmente me abraçou,
deu um beijo apertado novamente, virou as costas e seguiu com aquele bumbum
empinado para o avião.
Voltando
para a residência de mamãe fiquei o resto da tarde na piscina em companhia de
parentes e amigos. Passei mais tempo dando atenção para o Ivan brincando com
ele na piscina do que qualquer outra coisa. Ao cair da noite, mais um jantar em
família e depois disso era só esperar a hora certa para ir até o quarto de Bia
tomar aquele vinho.
Lá pelas dez
e meia da noite bati a porta dela, ela logo veio atender com aquele típico
roupão de estampa chinesa ou japonesa que adora usar com pantufas. O quarto
dela estava gelado por conta de dois climatizadores ligados no máximo. Ela fez
um gesto brincalhão de reverência para entrar nos aposentos, fez algumas piadas
e foi ao toalete soltar o cabelo. Em cima da cama dela havia só papeis de
negócios que ela queria me mostrar e uma taça de sorvete recém terminada.
Fiquei ali fuçando aquela papelada por curiosidade enquanto ela não reaparecia.
Quando ela saiu do toalete ela colocou as mãos na cintura e ordenou que eu
saísse da cama, alegando em tom de humor que era indecente para uma mulher na
posição dela de recém separada ter um homem na cama.
Eu até
gostei daquela ordem e compreendi aquilo como algo benéfico. Apenas repliquei
que eu também estava separado a pouco tempo. Acho que era isso que ela queria,
pois em seguida ela insinuou que ao contrário de mim ela não recebia visitas
ninguém no leito, apesar de diversos galanteios de admiradores nada secretos.
Estava evidente que ela queria fazer ciúmes e arrancar de mim alguma confissão
sobre meus casos, mas não caí naquele joguinho dela.
Acomodei-me
num sofá e perguntei se ela estava feliz com a vida de solteira, ela fez um
breve relato sobre suas sessões de psicanálise, sobre a vida numa cidade nova,
casa nova, descreveu detalhadamente a decoração e depois ordenou que abrisse a
garrafa de vinho. Servi vinho para ela na cama e ela me olhou furtivamente e
fez algum comentário sobre o meu novo estilo penteado. Depois disso ficamos
tomando vinho e conversando sobre negócios e nosso filho até que alegou estar
com sono e mandou retirar-me dali. Pedi um beijo de boa noite para ela e em
resposta recebi um clamoroso: Engraçadinho! Disse que iria sonhar com
ela, mas mesmo assim ela não cedeu em nada e disse: Está vendo aquela porta ali?
É serventia da casa. Fui embora frustrado, mas contente em ter ficado na
companhia dela sem que ninguém tivesse interrompido. Caí na cama feliz e
finalmente dormi.
Na manhã
seguinte Bianca partiu logo depois do café, naquela Mercedes que ela tinha
comprado só para me afrontar, pois sabia que eu queria comprar uma de modelo
idêntico. A rotina voltava ao normal e a festa tinha sido ótima e para mim mais
ainda.
Como naquele
dia eu não estava afim de fazer nada em termos de trabalho, resolvi apenas
ligar para o escritório e dar algumas recomendações. Depois disso fui acordar
Maria, minha filha, para irmos juntos almoçar com Paolo que também estava de
partida. Prometi ir ao shopping com Maria. Ela certamente só saiu da cama
depois que prometi comprar algo para ela. Ao contrário do Quim que estava no
EUA estudando, a minha relação com Maria era mais distanciada. Acho que pelo
fato dela ser menina, e estar numa fase pré-adolescente e longe da mãe que
havia se casado recentemente, assim como a mãe de Quim, ela se sentia mais
solta morando em casa provisoriamente, ao menos até que Fabrícia terminasse de
construir a casa nova ou ganhar seu filho. Fabrícia havia se casado a cerca de
um ano e meio com um quarentão americano e estavam morando no Rio. Ao menos eu
e Maria tínhamos algo em comum quanto a isso: Não gostávamos muito do novo
marido de Fabrícia.
Almoçamos
com Paolo e sua falante esposa e combinamos de fazer um tour pela costa
argentina no barco que ele havia reformado para manter em forma sua vida de
marinheiro. Paolo depois da morte de seu pai tinha herdado junto de sua irmã
solteirona um belo patrimônio e praticamente estava aposentado depois de vender
quase tudo e mudar-se para a Argentina.
Após nos
despedirmos do casal, Maria me arrastou para o shopping sem pensar duas vezes.
Passamos a tarde juntos comprando presentes, tomando sorvete e nos divertindo.
Era a primeira vez desde que ela tinha chegado que havia uma oportunidade para
um dia entre pai e filha longe de todos. Isso serviu apenas para ceder a quase
todos os caprichos consumistas dela e aceitar que ela no próximo final de
semana desse uma festa em casa para suas amigas, das quais incluía a filha de
Ágata, que deveria ter quase a mesma idade dela. Para finalizar o dia um jantar
em família fechou a agenda.
No dia
seguinte chovia muito e resolvi ficar na cama um pouco mais. Dessa vez foi
Maria a vir no meu quarto porque estava atrasada para o colégio e queria que
desse carona para ela. Nessa ocasião ela se mostrou mais amável e menos
adolescente irritante. Conversou assuntos mais sérios e até me trouxe café e
arrumou a papelada que estava sobre minha escrivaninha. Como o colégio é de
propriedade da minha mãe, logo que cheguei lá fiquei na secretária conversando
com Ágata e Alessandra que era minha secretária e foi transferida para lá
depois que se casou. Alessandra mesmo quando era noiva, dava sinais que
continuava sendo a número dois depois de Aline em tudo. Quando Aline viajava ou
não estava por perto era dos agrados e presteza de Alessandra que me valia no
escritório. Porém, ela queria casar, e ter um homem sério ao seu lado e não um
galinha como eu, conforme ela mesmo disse na minha cara. No fundo ela estava
certa.
O colégio da
minha mãe era o grande motivo dela ter se mudado para Curitiba. Além disso,
mamãe e minha tia Charlotte tinham resolvido morar juntas. Ambas eram cópia uma
da outra. Tia Charlotte era a versão loira da minha mãe a ponto de distinguir
uma da outra apenas pela cor dos olhos e cabelos. No resto eram idênticas e
parecia que a convivência delas com Ágata estava influenciado ela se tornar a
versão mais nova delas. As três divorciadas tem como assunto preferido falar
mal dos ex-maridos como se aquilo fosse um esporte que fizesse algum sentido
apenas para elas. Muitas vezes as três ficam no jardim dos fundos tomando um
lanche em companhia de Maria e Ingrid, e às vezes da minha irmã quando ela nos
visitava. Passavam aqueles momentos falando mal de seus respectivos ex-maridos
com alegria e repúdio, a cada fatia de bolo que devoram parece que alimentam
ainda mais esse tipo de hábito.
Certa vez a
minha irmã resolveu colocar eu e Ágata numa saia justa. Ela disse que devido
ambos terem quase a mesma idade, e por estarmos separados que isso seria
propício para que namorássemos, tendo em vista que no passado já tínhamos tido
muita intimidade. Maria e Ingrid, nossas filhas acharam a idéia legal e
endossaram a calamitosa de minha irmã. Por sinal, minha irmã nunca foi com a
cara de nenhuma das minhas namoradas ou esposas, sempre que podia descarregava
seu veneno contra elas sem a menor piedade. Isso muitas vezes deixava Bia na
linha de fogo, que por sua vez, passou a evitar minha irmã de forma discreta
por ter notado a antipatia gratuita da minha irmã com ela.
Entretanto,
entre eu e Ágata a relação é diferente: Nos tornamos amigos desde que minha mãe
a trouxe para ser assistente pessoal dela. Tudo que passei com ela se resumia a
uma curto período de férias da faculdade. Ela passou a ser o braço direito de
mamãe em tudo, ao ponto de minha mãe bancar os estudos dela e ser madrinha da
filha dela a qual trata como neta. Assim que Ágata se separou de seu marido
minha mãe resolveu ir para Curitiba e trazer sua pupila junto para comandar
tudo. Por outro lado, a minha amizade profunda com ela começou quando estava me
separando de Valéria. Era sempre com Ágata com quem desabafava e contava coisas
e com o passar dos anos, devido a proximidade dela com minha mãe, logo nos
tornamos grandes amigos a ponto de sermos confidentes um do outro em certas
ocasiões. Nunca havia passado pela minha cabeça sequer passar uma cantada nela
novamente, muito menos namorar com ela naquele momento, mesmo que ambos
estivessem livres e desimpedidos.
Apesar disso
o lobby da minha irmã por um possível relacionamento entre nós caiu nas graças
das meninas e de tia Charlotte e mamãe com certeza.
Como disse
antes, minha filha queria dar uma festa para suas novas amigas e convidou cerca
de meia dúzia delas para passarem o final de semana em casa. Naquela
sexta-feira ao chegar, a sala de visitas estava cheia de garotinhas
adoráveis que me fizeram ter vontade de ter quinze anos novamente.
Preparei
para aquelas mocinhas ainda inocentes apesar de seus shortinhos curtos e
provocantes uma boa e calórica lasanha ao sugo no jantar. Habitualmente todas
às sextas-feiras sempre tinha algum convidado para o jantar e sempre me cabia a
tarefa de preparar o menu, fazê-lo e servi-lo aos amigos ou amigas, seja
em casa ou no meu covil dos prazeres, o qual era uma espécie de recanto
do canalha gastronômico. As garotas ficaram satisfeitas com aquela lasanha no
dia seguinte me escalaram para preparar o almoço delas.
Isso me fez
recordar do tempo que trabalhava na cozinha daquele restaurante francês, cuja
rotina fosse no almoço ou jantar seguia estritamente as ordens do chef, um
francês de Dunderque que era especialista em preparar pratos da cuisine
nouvelle. Vez ou outra fazia as vezes do garçom, quando faltava pessoal aos
finais de semana ou dias de degustação de vinhos. Muitas vezes deixar a cozinha
e servir era bom para ver as belas coroas grã-finas e enxutas que sempre
frequentavam o restaurante, mas agora eu estava diante duma
"clientela" de mocinhas que aos quinze anos já tinham corpos de
mulheres faria Claude Troisgros exclamar sem pensar duas vezes: "Que
marravilha!" caso estivesse ali no meu lugar.
Cedinho
aquela legião de beldades infanto-juvenis já estava com a corda toda na
piscina, deixando à mostra a alta produção de hormônios que fazia de cada
garotinha ali de biquíni uma potencial vítima para algum malandro desvirginar
alguma delas sem a menor dificuldade. Isso me fazia imaginar atemorizado que em
breve minha própria filha estaria sendo alvo de algum marmanjo, que assim como
eu, nunca teve o menor receio de pensar no pobre do pai delas nessas horas.
Como dizia o meu finado avô em tom chulo: A gente come a filha dos outros e faz
filhas para os outros comerem. Essa a velha lógica que me assombrava.
Enquanto eu
preparava o almoço para aquele batalhão de garotinhas semi nuas desfilando seus
corpinhos na piscina, eis que de repente Ágata aparece na cozinha envolta numa
canga até a altura da cintura e de biquíni como se fosse mais uma daquelas
garotas em plena for da idade. Fiquei ali com a faca em punho parado sem saber
se cortava a carne ou se olhava cada pedaço daquele filé mignon do mulherão a
minha frente. Não consegui disfarçar a surpresa de vê-la naqueles trajes, até
porque por mais que tivesse convivido e tido algo passageiro com ela; jamais
tinha visto Ágata tão sensual ou de biquíni. Mesmo que ainda me recordasse das
curvas do corpo dela, ver ela ali naqueles trajes de praia me deixou de queixo
caído. Ela percebeu que tinha chamado a minha atenção, e tímida saiu dali apenas
me questionando onde estavam mamãe e tia Charlô. Com certeza ela tinha deixado
de ser aquela mocinha provocante de antes, que fazia questão insinuar-se em
certas horas com toda sua exuberância. Fiquei lá na cozinha com minhas carnes e
temperos pesando como as pessoas mudam...
Após aquele
momento confesso que ficou difícil pensar em comida. A imagem dela de biquíni
ficou fixada na minha cabeça e toda vez que podia espiava pela janela da
cozinha a piscina e flagrava ela tomando sol com aquele corpo de deusa grega.
Como tinha marcado uma viagem para aquele dia não pude ficar ali admirando
aquela trintona que combina com o próprio nome por ser realmente: a gata.
Depois do
almoço segui para o Camboriú para uma viagem de lazer e negócios. Chegando em
terras barriga vedes fui recepcionado por um colega empresário com qual
fecharia um baita negócio, além de faturar a irmã dele, Bruna, a qual já
conhecia de outras baladas que tinha passado por lá no verão passado. Assinado
o contrato passei o resto do final de semana com aquela bela catarinense que só
sabia usar mini-saias e blusas bem decotadas dando uma pequena amostra daquele
corpinho sensual. De madrugada aquelas roupas iriam ser uma a uma tiradas com
todo o carinho num strip na minha casa de praia, deixando todo aquele corpinho
totalmente acessível para uma série de beijocas e afagos. Mesmo com aquela
beldade ao lado, às vezes pensava que Ágata poderia estar ali para uma espécie
de tributo ao passado. Imaginem anualmente passar um final de semana com alguma
mulher do seu passado revivendo na cama os melhores momentos? Seria fantástico,
desde que a mulher quisesse o mesmo é claro... Tinha esperanças que Ágata algum
dia viesse a ser tentada por esse mesmo desejo.
No dia
seguinte o café da manhã foi Bruna ao leite, no almoço Bruna al dente, e no
jantar Bruna à milanesa nas areias da praia. Segunda-feira pela manhã deixei
ela na casa dela e segui para Sampa resolver mais negócios. Em São Paulo além
dos negócios eu tinha dois objetivos pessoais: Terminar definitivamente com
Aline e Giuliana que estaria por lá naquela semana. Com Aline as coisas foram
bem simples visto ela ter decidido sair da empresa e por já ter cogitado antes
o final de nosso relacionamento pessoal. Ela simplesmente aceitou e disse que
seríamos bons amigos. Com Giuliana, a qual me pressionava para noivar, tudo foi
mais tenso. Ela chorou, fez cenas, mesmo eu alegando que estava interessado em
outra, ela não parecia querer me deixar. Depois de algum tempo ela deu uma
guinada e me acusou de ter brincado com os sentimentos dela e disse que nunca
mais queria me ver novamente. Não fiquei sequer remoendo aquilo, porém creio
que foi mais sensato a fazer.
Naqueles
últimos dias, apesar da minha conduta nada justa com os sentimentos de uma ou
de outra, o que não me saia da cabeça era uma possibilidade, mesmo que remota,
de retomar a vida com Bianca. Parecia que a idéia de reatar com ela era algo
que estava precisando ser processado sozinho, com calma e honestidade. Ela
estava melhor emocionalmente e aparentava ter superado a depressão que tinha
lhe acometido anteriormente. Mesmo depois de separados nos falávamos
semanalmente e nos víamos quando visitava o Ivan. Se o meu único temor era a
estabilidade emocional dela, havia claras provas que ela estava bem e que ainda
restava um sentimento recíproco o qual valia a pena ser vivido de alguma forma.
Dessa vez
tinha planejado pensar muito sobre o assunto antes de decidir qualquer coisa. A
viagem de barco que faria com Paolo seria o momento ideal para refletir longamente
sobre isso e colocar a cabeça no lugar antes de tomar qualquer atitude. Fiz as
malas peguei meu violão e me mandei para Buenos Aires para uma pequena viagem
de teste que Paolo faria antes da possível derradeira viagem para Ushuaia “el
fin del mundo”.
Na Argentina
o tempo parecia não estar a favor de nossos planos de navegação, devido ventos
desencontrados e um barco que ainda necessitava de alguns ajustes. Assim que
houve uma pequena mudança de vento içamos velas e passamos o primeiro dia com
boas impressões sobre a embarcação. Fiquei encarregado da cozinha por ser o
chef da turma. Além disso, tinha ainda que cuidar de outras coisas como
manusear velas quando o vento estava forte. Paolo parecia feliz e confiante
naquele veleiro e sentia que poderia chegar a Miramar rapidamente. Durante esse
pequeno trajeto o vento estava a favor e os demais tripulantes pareciam ter
pegado o jeito da embarcação sem muitas recomendações precisas.
Ao cair do
sol daquele primeiro dia fiquei papeando com Paolo sobre a vida, sobre o barco
e sobre Bianca. Paolo me incentivava a deixar de travessuras como aquela que
ele tinha testemunhado para me tornar um “uomo di famiglia”. Peguei o violão e
aos acordes de Carinhoso o sol se pôs enquanto pensava em Bianca com ternura.
De fato o
marujo italiano tinha tato e experiência no assunto. Revelou que antes de casar
estava divido entre uma bella ragazza de sua terra, que assim como ele já tinha
sido traída pelo cônjuge. Contou que ele tinha certeza quase absoluta que era
ela a mulher certa para aquele velho traste dos mares. Porém, havia Luana, uma
bela médica argentina que estudava na Itália e tinha mexido com ele numa dessas
peças que destino prega. Ao fazer o relato minucioso de que aconteceu ao
conhecer a bela argentina numa manhã de caminhada habitual na praia - depois
duma briga com a outra -, ambos se encontraram por acaso na praia e ficaram
conversando sobre o lugar e depois a sobre vida. Luana sentia saudades de casa
e Paolo estava irritado com a briga. Sentimentos diferentes, mas que
devido ao momento deixaram ambos fascinados um com outro. Perguntei como ele
agiu depois disso e a resposta foi direta: “Convidei ela para tomar uma dose de
Campari naquela noite, casei com ela e vim para Argentina”.
No dia
seguinte a rotina de trabalhos no barco recomeçou a todo vapor, ventos fortes
davam trabalho para todos tripulantes e algumas panes rápidas no sistema
elétrico da embarcação geravam desconfiança. A impressão de Paolo sobre o barco
tinha começado a mudar e chegar ao próximo porto para fazer uma vistoria
minuciosa seria necessário. Assim que aportamos em Miramar além dos problemas
elétricos, alguns dos tripulantes, inclusive eu, estávamos com uma azia
terrível devido um aliche que não tinha caído bem. Passamos no médico local e
constatamos que estávamos com alguma espécie intoxicação alimentar e gastrite.
Quanto ao barco a pane elétrica tinha decorrido dum curto circuito que fez a
cozinha e gabinetes terem um princípio de incêndio durante um teste da
vistoria.
Paolo furioso
e decepcionado ao mesmo tempo; abortou o resto da viagem. Pegamos um ônibus e
voltamos para Buenos Aires na manhã seguinte. Chegando por lá me hospedei em
Belgrano próximo a casa de Paolo e fiquei o resto da semana circulando pelo
bairro conhecendo melhor o local famoso por suas lojas e bares. A noite jantava
com Paolo e Luana em algum restaurante e depois fazia mais uma sessão curta de
passeios até voltar para o hotel.
Na
quarta-feira havia ligado para casa e minha filha disse que queria ir até
Buenos Aires passear, ficou insistindo até conseguir me fazer ceder ao capricho
dela. Disse que viria acompanhada de tia Charlotte que por sinal tinha dado a
idéia para ela. Na sexta-feira de manhã Maria chega, mas ao invés de tia
Charlotte que passou mal subitamente na tarde anterior quem veio foi Ingrid e
Ágata.
Achei que
aquilo fosse parte de alguma conspiração iniciada por minha irmã e levada ao
extremo pela minha mãe visando que eu e Ágata de alguma forma ficássemos juntos
de acordo com a suposta vontade delas. A idéia parecia esdrúxula e incoerente
devido tantos anos de convivência com Ágata, sempre a tratei de modo respeitoso
devido ela ser casada e ser como uma filha para minha mãe. Passei o resto do
dia tentando entender aquilo de forma racional e porque raios tia Charlotte que
era fã assumida de Buenos Aires não tinha realmente vindo.
Esse
mistério ficava me rondando a mente sem que eu tivesse pista alguma das três
que ali estavam por não notar no comportamento delas algum plano ou intenção
velada, nem mesmo por ter como questionar mais detalhadamente porque foram elas
que tinham vindo. A única razão que deram foi que as passagens já tinham sido
compradas e seria um desperdício perdê-las.
Não restava
muita opção a não ser levar elas para passearem por ali mesmo e conhecer alguns
pontos turísticos. Naquela noite convidei Paolo e Luana para jantarem conosco
num restaurante em Puerto Madero. Contei para Paolo sobre minhas impressões
conspiratórias e ele riu dizendo que eu nunca tomaria jeito. Ele ainda
questionava qual seria o problema de tentar algo com Ágata, ambos estão livres
e são adultos, donos do próprio nariz, e que se fosse ele - mesmo apesar das
questões não resolvidas sobre Bianca – no meu lugar que não deixaria escapar
aquela sereia. Ao invés de ajudar ele tinha colocado mais dúvidas na minha
cabeça repleta de maluquices.
Durante o
jantar foi inevitável não ficar pensando naquilo. Passei a crer que o destino
estaria querendo me dizer algo e que se eu não compreendesse ou perdesse alguma
chance estaria sendo um tolo como Paolo tinha dito. Depois do jantar fomos num
daqueles cabarés de tango apreciar um show. As meninas e Ágata adoraram e por
sugestão de Luana na noite seguinte todos nós iríamos jantar e depois conhecer
outro cabaré. Dessa vez para dançar. Paolo sentando ao meu lado, me deu uma
discreta cotovelada para me chamar a atenção e disse: Amanhã você está perdido!
Pelo jeito
Paolo tinha ingressado com sua esposa naquele plano conspiratório “de la
hermana”. Passei a noite achando tudo aquilo coincidência demais para ser um
mero acaso do destino. A idéia obsessiva de que havia algo além do aparente me
fazia pensar em Ágata como nunca tinha pensado antes. Por mais que tentasse
refutar a idéia tudo parecia correr contra a razão. Para piorar o meu estado de
desconfiança, ao sairmos do cabaré naquela noite Ágata sentou-se ao meu lado no
táxi e disse: - Sinta minhas mãos como estão geladas! As duas garotinhas
sonolentas nem perceberam isso. Ao tocar naquelas mãos de seda passei a achar
que além de geladas aquilo tudo era um pequeno pretexto para ficarmos por
alguns minutos de mãos dadas. Por puro instinto de cara de pau segurei aquelas
mãos geladinhas até o momento de desembarcar do táxi.
Ao subirmos
para nossos quartos, Ágata se despediu e agradeceu pela noite e por ter
aquecido suas mãos que rapidamente ficaram muito quentes, além do seu rosto
vermelhinho como uma cereja. Chegando a porta do meu quarto dei meia volta,
sequer coloquei a chave na fechadura. Desci para o bar do hotel e fiquei
matutando sobre aquilo tudo sorvendo uma taça de vinho que reativou a azia
marítima.
Pela manhã,
ao descer para o desjejum, lá estava Ágata sozinha numa mesa próxima duma
vidraça tomando café e observando a paisagem da praia. Sentei-me a mesa com
ela, como diversas vezes já tinha ocorrido seja em casa ou em algum outro
lugar, mas daquela vez tudo estava num clima diferente. Ela começou a falar
sobre o que tinha visto na cidade desde que havia chegado e comentou algumas
coisas sobre a noite anterior. Disse que as meninas iriam descer em breve, pois
haviam se recusado a descer tomar café naquela hora. Aproveitei os momentos com
elas após o café e fomos até a praia e depois aos arredores do hotel, olhando
vitrines. De minha parto o mais interessante seria tentar descobrir algum
indício sobre Ágata estar interessada em algo mais comigo ou não. Não tive
coragem de perguntar diretamente, porém questionei, onde ela havia passado a
lua de mel, se ela costumava viajar com seu ex-marido etc. Dessas coisas banais
o que pude descobrir foi que o marido era um sujeito caseiro e caipira e que
tinha trocado ela por uma caipira como ele assim que percebeu que ele era um
fracassado e Ágata uma mulher com metas na vida.
Ao voltar
para o hotel decidimos onde almoçar. Ao que aparentava aos olhos alheios,
éramos uma mera família de turistas devido às garotas serem nossas filhas. O
garçom ao tomar nota do pedido até perguntou o que a minha esposa iria pedir.
Naquele momento as meninas e Ágata caíram na gargalhada, mas sem dar explicação
ao pobre garçom. Aproveitei o momento para gracejar perguntando para ela: -- E
você querida o que vai comer? Ingrid e Maria ficaram sem conter os risos mais
uma vez, enquanto Ágata tomava ares de cereja novamente.
Após o
almoço fomos fazer compras em algumas lojas e ao final da tarde tomamos um
lanche numa confeitaria. Devoramos medias lunas e brindamos com milks-shakes o
passeio. Retornamos ao hotel para nos preparar para mais um jantar e mais uma
noite repleta de tango. O que me vinha à mente enquanto me barbeava era sobre
eu estar perdido segundo Paolo. Comecei a achar que Paolo era uma espécie de
guru do amor e que seus conselhos faziam todo sentido: Porque não permitir algo
com a sereia? Digo: a gata. Afinal, ela estava divorciada a quase dois anos e
sendo jovem, bonita, independente e conhecendo quem eu sou como poucas mulheres
devido nossa amizade, isso tudo se tornavam pontos a favor. Se ela não
demonstrava nenhum esboço de que nutria algo sobre nós a culpa não era dela;
mas minha.
Passei a
achar que se naquela noite eu ousasse alguma coisa naquele passeio tudo ficaria
evidente. Uma simples frase, um pequeno gesto mais gentil, ou trocas de olhares
poderiam ser meios de tirar essa dúvida que me atormentava. Estava
disposto a tentar seduzir Ágata ao menos naquela noite de alguma forma.
Apostaria minhas fichas nos momentos que ficasse mais próximo dela e não
hesitaria em fazer elogios e flertar com ela. Se ela correspondesse eu teria um
sinal, se ela baixasse a guarda, ou dissesse algo aprovando ou desaprovando
tudo estaria nítido com solar clareza.
Assim que
Ágata apareceu elegantemente trajada com um vestido negro e sapatos negros,
aquela pele alva parecia emoldurada pelas linhas negras dos trajes e quando ela
se aproximou fiz questão de beijar-lhe o rosto e dizer o quanto ela estava
deslumbrante. O momento foi perfeito, pois as meninas estavam como sempre
atrasadas e assim fiquei alguns minutos a sós com Ágata que como sempre ficava
corada.
Durante o
jantar fiz questão de me sentar ao lado dela e deixar as duas garotas bem a
nossa frente. Maria e Ingrid seriam um bom termômetro para avaliar as reações
de Ágata ao meu lado. Fiz questão de motivar as meninas a contarem o episódio
do garçom e ficar atento as reações de Ágata. Ela e Luana olharam uma para
outra e Luana ergueu as sobrancelhas e conteve um sorriso entre uma garfada e
outra. Aquilo parecia um sinal de que ambas nessas idas ao toalete poderiam ter
conversado algo. Logo que tive oportunidade de falar com Paolo em particular
perguntei se ele sabia de alguma conversa entre elas sobre o assunto. Ele após
um breve suspense disse fez cara de gaiato de soltou um cômico: Niente bosta
cosi!
Terminado o
jantar rumo ao cabaré de tango perguntei para Ágata se suas mãos estavam geladas
naquela noite. Ela colocou delicadamente as costas de suas as mãos macias e
perfumadas no meu rosto para sentir. Julguei aquilo como mais um ponto no
placar devido ela sempre ser discreta e séria em qualquer ocasião, até mesmo em
momentos informais. Ao chegar no cabaré repeti a disposição da mesa
novamente. Chamei Maria para tentar alguns passos de tango enquanto Paolo e
Luana faziam companhia para Ágata e Ingrid. Voltei para mesa e disse que era a
vez de Paolo mostrar o que tinha aprendido em sua temporada argentina. Luana
teve que arrastá-lo para a pista de dança enquanto isso pedi champanhe e enchi
a taça da Ágata.
Quando Paolo
e Luana retornaram conversamos um pouco e dessa vez convidei Ingrid para tentar
dançar tango, ela relutou por ser tímida em demasia e disse para levar sua mãe
para pista. Ágata tal como a filha tímida relutou, mas depois que Luana elogiou
seu vestido dizendo que ela parecia uma perfeita dançarina de tango apenas
faltando uma rosa no cabelo ela cedeu e fomos para a pista.
A penumbra
da pista de dança era um ambiente perfeito para levar Ágata para o lado oposto
da pista longe da mesa em algum momento da música e fazer algo mais. Assim que
a orquestra tocou a primeira nota de violino e bandoneon peguei firme na mão
dela e em sua cintura e dei um leve puxão em direção ao meu peito e ficamos
quase de rosto colado. Senti o corpo dela esquentar e olhei sua face de
cerejinha e ela olhou nos meus olhos e sorriu. Disse ao ouvido dela algumas
instruções de dança e para tentar me seguir com calma que a conduziria. No meio
da música, levei ela para o local que queria na pista, aproximei o nariz entre
o ombro e pescoço dela perguntei qual o perfume que ela usava depois duma suave
inspiração. Novamente o corpo dela aqueceu e estremeceu um pouco. Gaguejando um
pouco ela disse a marca do perfume no meu ouvido. Ao final da música ela estava
corada mais do que nunca e olhos nos olhos sorrimos um para outro e ela
graciosamente linda como se fosse um anjo disse apenas: Nossa que delícia!
Ao voltar
para a mesa recebemos os elogios de todos e depois disso dançamos por mais três
vezes. A cada nova dança Ágata ficava mais solta e com menos feições de cereja,
mas ficava sempre com seu corpo quente em minhas mãos a cada toque mais ousado
e inesperado durante a dança. Enquanto isso, Maria e Ingrid pareciam se
divertir recebendo convites de alguns marmanjos mais ou menos da idade delas
para dançar aceitando todos eles.
A noite
tinha sido perfeita e Paolo ao de despedir disse: Eu falei que você estava
perdido meu amigo! Voltamos para o hotel e Ágata ao se despedir dando boa noite
sorriu docemente e me beijou o rosto. Entrei no meu quarto tal como um garoto
após o baile de formatura como nos filmes. O sono não vinha e quando me dei conta
estava na varanda fumando um cigarro e pensando em cada passo de tango dado com
Ágata.
No dia
seguinte voltaríamos juntos para casa...
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